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Primeiro senador a se manifestar em defesa do Salário Mínimo Profissional, ameaçado por um trecho do Projeto de Lei de Conversão nº 15/2021, Angelo Coronel (PSD/BA), engenheiro civil formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), afirma estar comprometido até o final com a luta para garantir remuneração digna à categoria. A posição do parlamentar atende a pleito da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) e seus sindicatos filiados, entre eles o SEESP, que têm buscado apoio na defesa de uma conquista histórica.

 

Ana Luiza de SouzaA batalha em curso no Senado teve início na Câmara dos Deputados em 23 de junho último, quando foi aprovada a Medida Provisória nº 1.040/2021 (que deu origem ao PLV) com a inclusão de uma emenda que revoga a Lei 4.950-A/1966, a qual estabelece o piso salarial dos engenheiros e de outros profissionais, como geólogos, arquitetos, químicos e veterinários. Pela norma federal, são seis salários mínimos vigentes no País para jornada de seis horas e nove salários mínimos para oito horas.

 

Considerado um “jabuti”, já que não é pertinente ao tema da MP, que versa sobre desburocratização, o dispositivo introduzido pelo deputado Alexis Fonteyne (Novo/SP) causou surpresa e indignação. “Quando vi essa medida provisória, fiquei abismado. Apresentei a emenda ainda na Câmara, mas o relator não acatou. Agora, o projeto veio para o Senado e vou defender a emenda para que seja mantido o piso da categoria”, afirma Coronel.

 

Na avaliação do senador, há um equívoco em se considerar o Salário Mínimo Profissional como fator de inibição aos negócios. “A intenção do legislador não foi impedir a livre-concorrência. O que se visa é proteger os trabalhadores de cenário de exploração, com baixa remuneração e jornadas abusivas”, destaca.

 

Abrindo uma fila de mais de 30 parlamentares que apresentaram, até o início do recesso em 19 de julho, emendas supressivas e requerimentos eliminando o dispositivo que prejudica os engenheiros, Coronel assegura estar confiante e comprometido com o desfecho positivo na retomada dos trabalhos legislativos, inclusive quando a matéria retornar à Câmara após a revisão pelo Senado, o que começa a acontecer já em sessão remota no dia 4 de agosto. “Vou fazer todo esforço para que seja acatada a minha emenda e as dos colegas para que, quando voltar à Câmara, [essa] absorva essa mudança, mantendo o piso da categoria”, garante.

 

Nesta entrevista ao Jornal do Engenheiro, ele defende ainda a retomada do crescimento do País e projetos como o “Minha casa, minha vida” para que os engenheiros tenham mais oportunidades. “Temos que pensar no soerguimento urgente da nossa economia para que possamos voltar a ter salários dignos”, pontua. Leia a íntegra a seguir, disponível também no vídeo ao final.

 

Na sua avaliação, defendida na emenda supressiva que o senhor apresentou, por que foi um equívoco a inclusão do fim do piso salarial dos engenheiros na MP 1.040?
Destaque entrevista545 1Engenheiro que sou de formação já há muitos anos, e também instrumentista industrial, conheço bem as agruras dos engenheiros. Quando vi essa medida provisória, fiquei abismado. Ainda bem que a federação e Creas me procuraram. Apresentei a emenda ainda na Câmara, mas o relator não acatou. Agora, o projeto veio para o Senado e vou defender a emenda para que seja mantido o piso da categoria. E não estou inventando a roda. A Lei 4.950 está de acordo com o que preceitua a Constituição em seu artigo 7º, inciso 5º, que dispõe que é direito dos trabalhadores um piso salarial proporcional à extensão e complexidade do seu trabalho. Estou tentando corrigir isso no Brasil todo para as outras categorias e, dos engenheiros e arquitetos, querem agora tirar? Vocês vão ter a minha luta! Se o relator não acatar, vou fazer um destaque para que se retire esse jabuti que veio no texto original do governo.

 

Qual foi o pretexto para a inclusão da emenda “jabuti” na MP?
Há aqueles que argumentam que a lei não pode restringir o direito do profissional acordar livremente o valor de produtos e serviços. Eu tenho dúvidas quanto a isso... Todavia, o objetivo do legislador quando fez a lei, lá atrás, não foi impedir a livre-concorrência. Se você tem seis salários de piso, não significa que vá ganhar só seis; pode negociar e ganhar dez, 12, 15, a depender do seu conhecimento e currículo. O que a gente visa é proteger os trabalhadores de cenário de exploração, com baixa remuneração e jornadas abusivas. Eu sei que o desemprego é grande e que hoje a maioria aceitaria até ganhar menos, mas não podemos instituir isso em lei. Aí, vai dar campo e cancha para que o empresário atire na cabeça do engenheiro.

 

Qual a previsão para a tramitação do projeto no Senado?
O presidente [do Senado] Rodrigo Pacheco [DEM/MG] deve publicar a nova pauta ainda esta semana [no final de julho]. Não tenho dúvidas que será [incluída na pauta] neste mês de agosto, porque a medida provisória vence. Ficarei vigilante, e minha assessoria está em contato com as entidades para prestar informações. Vamos unidos que a gente vence mais uma. Dois e dois são quatro, não são três nunca. Se por acaso o relatório vier negativo, ainda cabe destaque e aí é outra guerra, e temos chance de vencer. Vamos supor que o Senado aprove o projeto como veio da Câmara. Aí, eu posso pedir o destaque, e a minha emenda será votada pelos senadores. Quando sair a pauta, há alguns dias para trabalhar os demais colegas, para que, caso seja necessário o destaque, ele seja aprovado.

 

E como deve ser o reexame da matéria na Câmara?
O projeto entrou pela Câmara, portanto, tem que terminar lá, mas geralmente, quando o Senado faz a revisão de uma matéria, a Câmara acata sem nenhum problema. Vou fazer todo o esforço para que seja acatada a minha emenda e as dos colegas que também apresentaram para que, quando voltar à Câmara, [essa] absorva a mudança, mantendo o piso da categoria. Mas é evidente que, logo após a saída [do projeto] do Senado, os engenheiros devem trabalhar na Câmara dos Deputados e fazer essa interlocução para ter quem defenda em plenário e nas comissões, que devem voltar a funcionar em sua normalidade agora em agosto. No Senado, Angelo Coronel está tomando conta.

 

O senhor está confiante num desfecho positivo para os profissionais nesse embate?
Destaque entrevista545 2É conquista, não se pode jogar fora. Eu queria que todas as categorias tivessem o seu piso, e vamos perder logo o do engenheiro? Não! Vamos para o pau! O importante é a união neste momento para que tenhamos êxito nesta luta de grande importância, especialmente para os engenheiros que estão iniciando a sua vida profissional, porque o mais velho geralmente já tem estabilidade. Temos que pensar no soerguimento urgente da nossa economia para que possamos voltar a ter salários dignos, que deem para sustentar a família com total tranquilidade e com vontade. Programas como o “Minha casa, minha vida”, que empregou muitos engenheiros no Brasil e ao qual não foi dado início nesse governo, esperamos que voltem em breve. Precisamos que a nossa categoria, que ralou muito para se formar, volte a trabalhar com ânimo, porque o ânimo é que faz com que a gente cresça na vida.

 

Assista ao vídeo: 

https://youtu.be/--ZF8os4cNQ

 

Rita Casaro, por SEESP

Foto: Senador Angelo Coronel. Crédito: Ana Luiza de Sousa

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