Encontrado em Goiás, meteorito tem mais de 1,3 toneladas e ficará exposto no Museu da Geodiversidade
O terceiro maior meteorito do Brasil acaba de ser adquirido por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Com mais de 1,3 toneladas e 75 cm de diâmetro, o meteorito será exposto no Museu da Geodiversidade, localizado na Cidade Universitária, na Zona Norte do Rio de Janeiro (RJ).
Depois de uma intensa negociação iniciada em meados de dezembro de 2020, o grupo conseguiu arrecadar R$ 400 mil para a aquisição e o transporte da peça. Sem verbas públicas, os pesquisadores criaram uma campanha online de financiamento coletivo através da Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos (Coppetec), instituição sem fins lucrativos que apoia a realização de projetos de desenvolvimento tecnológico e de pesquisa da UFRJ. Os pesquisadores contaram também com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
“Nossa maior preocupação era em preservar a peça”, afirma Kátia Mansur, diretora do Museu da Geodiversidade do Instituto de Geociências da UFRJ. “Os meteoritos têm um grande valor de mercado, então receávamos que ele fosse separado em vendido em partes, porque é um dos maiores do Brasil.”
O meteorito foi descoberto em uma propriedade rural de Campinorte, em Goiás, na década de 1990. Parte da pedra foi encaminhada para pesquisadores, que confirmaram se tratar de um fragmento de asteroide. Elizabeth Zucolotto, especialistas em Ciência Meteorítica no Brasil e pesquisadora do Museu Nacional da UFRJ, certificou a autenticidade e a relevância científica do meteorito. Na campanha para arrecadação de recursos, Zucolotto afirmou que “a peça é rara devido a suas dimensões, integridade e tipo, por se tratar de um meteorito metálico, possuindo grande valor científico, pois provavelmente representa o nosso próprio núcleo terrestre.”
Memórias da Terra
Os meteoritos podem fornecer informações sobre os processos que ocorreram antes da formação do sistema solar, da formação e evolução dos planetas e também sobre a origem e evolução da vida. “Os meteoritos são importantíssimos para contar a história da Terra e da evolução do sistema solar”, afirma Mansur. “Nossa exposição chama ‘Memórias da Terra’, e a presença do meteorito de Campinorte tem importância simbólica, porque ele é mais antigo que a Terra. Isso porque nosso museu tem uma coisa bacana, que é colocar a maioria das peças ao alcance das mãos dos visitantes (ou seja, pode ver e tocar). Então, especialmente para as crianças, isso é muito especial, pois elas vão interagir com a coisa mais velha que alguém pode tocar.”
Agora o grupo está trabalhando com o transporte do meteorito – que deve ser trazido em um caminhão baú da Universidade – e na ambientação da exposição permanente. Todas as pessoas e entidades que colaboraram com doações serão reconhecidas em uma placa de agradecimento. O meteorito também ficará aberto para estudos da comunidade científica.
Christiane Bueno – Jornal da Ciência