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Cresce Brasil

Milhares de profissionais em todo o País ou já iniciaram ou se preparam para as discussões de convenções e acordos coletivos de trabalho de 2017. O cenário em que se darão essas negociações foi analisado no dia 18 de abril último durante o XVII Seminário de Abertura das Campanhas Salariais, promovido pelo Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (Seesp), em sua sede. Para Murilo Pinheiro, presidente da entidade e da FNE, a atividade permite entender que é possível realizar negociações e pensar em bons resultados. E completou: “A saúde do profissional é a saúde da empresa e vice-versa.”

Posição endossada pelo consultor sindical João Guilherme Vargas Netto, para quem deve “prevalecer no mundo empresarial o bom senso para, apesar das dificuldades, buscar junto com os engenheiros alternativas positivas para enfrentar a crise, garantindo emprego e salário”.

A análise inicial foi feita pelo diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio. Ele indicou que o País caminha para o terceiro ano de recessão, “já considerada a maior da história”. O desafio, prosseguiu, se dá na construção de relações do trabalho que permitam aos sindicatos e às empresas desenvolverem estratégias que protejam o emprego, o salário e a atividade produtiva, elementos fundamentais à própria saída da crise. Na avaliação dele, 2017 pode render resultados mais favoráveis aos verificados nos dois últimos anos. “Considero o ano interessante do ponto de vista da taxa da inflação, já que estamos próximos a 4%, diferente dos 10% dos períodos anteriores. Esse cenário facilita às empresas recuperarem os salários.”

O técnico informou, com preocupação, que o governo federal vem adotando um processo acelerado e acentuado de internacionalização da economia. “Isso tem reflexo direto sobre o mundo da engenharia.” Ganz Lúcio exemplificou, citando a recente mudança da política de conteúdo local, a preferência às empresas estrangeiras em concessões e privatizações de serviços públicos e o edital que restringiu a participação de companhias brasileiras na retomada das obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

Crise política e econômica

O técnico do Dieese avalia que, nessa estratégia governamental, “a engenharia brasileira não tem vez”. Por isso, conclamou que nas negociações se defenda a centralidade da engenharia como indutora do desenvolvimento nacional e soberano.

A complexidade do País se estende ao campo político, como informou o diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho. “Não temos como negar que o ambiente está conturbado. Importantes setores da nossa economia foram atingidos em função dessas investigações (da Operação Lava Jato), desde fundos de pensão, grandes construtoras à Petrobras”, lamentou.

As medidas econômicas que têm sido tomadas, avaliou Toninho, vão deixar o Brasil muito barato. “Na prática, isso significa estarmos no fundo do poço.” Para se contrapor a esse descalabro, o diretor do Diap exorta a engenharia a buscar um papel protagonista na discussão e apresentação de propostas sérias que assegurem a retomada do desenvolvimento.

Campanhas pelo País

As mudanças em curso também causam apreensão ao vice-presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio Grande do Sul (Senge-RS), José Luiz Bortoli de Azambuja: “Elas têm impacto direto na nossa área, significando demissões, desvalorização do conhecimento e da inteligência do País.” Por isso, garante o dirigente gaúcho, a entidade está se preparando fortemente na luta geral de resistência às propostas de reformas do governo Temer e “para um ambiente difícil nas negociações salariais, mas para garantir conquistas e melhorar algumas cláusulas”.

A preocupação é endossada pelo presidente do Senge-AC, Sebastião Fonseca, que defende responsabilidade de empresários e profissionais. “Devemos entender que estamos no mesmo país e que o momento exige relações do trabalho equilibradas, o que significa garantir negociações de alto nível.” O mesmo sentimento é compartilhado pela presidente do Senge-CE, Maria Helena de Araújo: “Não se sai de uma crise criando outra.”

A presidente do Senge-PA, Eugênia Von Paumgartten, defende união e criatividade à mesa. “Espero que os nossos negociadores tenham a sensibilidade de perceber que a crise só será superada com a preservação de direitos e do emprego.” Já Fábio Ritzmann, presidente do Senge-SC, apesar das dificuldades, se disse esperançoso nas negociações e receitou: “Devemos convencer os nossos interlocutores que os nossos objetivos devem ser comuns. Quando a engenharia ganha, a empresa ganha.”

Estratégia similar será adotada nas campanhas de âmbito nacional encabeçadas pela FNE junto à Eletrobras, cuja data-base é 1º de maio; à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), 1º de agosto; e à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 1º de setembro.

O evento realizado pelo Seesp contou com a participação dos dirigentes da entidade, de representantes de empresas e sindicatos patronais, dos diretores da FNE e presidentes dos sindicatos filiados. Ainda, teve a presença dos presidentes dos conselhos regionais de Engenharia e Agronomia (Creas) do Piauí (Paulo Roberto Ferreira de Oliveira), Rio Grande do Sul (Melvis Barrios Junior), Roraima (Sebastião Sandro da Silva e Silva), Rondônia (Nélio Alzenir Alencar), Rio Grande do Norte (Modesto Ferreira dos Santos Filho), Pará (Elias da Silva Lima), Amapá (Laércio Aires dos Santos) e Alagoas (Fernando Dacal). Prestigiaram também a atividade o presidente da Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea (Mútua), Paulo Guimarães, e o vice da Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas, Departamento de Minas Gerais, Alfredo Marques Diniz.

 

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