Na previsão e construção do futuro, a ideia do quebra-cabeça funciona não apenas em grande escala, mas nos ajuda em quaisquer outras atividades. Podemos começar com algumas peças bases que nos chamam a atenção. O futuro é uma coleção de possibilidades, rumos, eventos, reviravoltas, avanços e surpresas. Com o passar do tempo, tudo encontra seu lugar e, juntas, as peças formam um novo cenário do mundo.
Acredito que foi algo parecido com esse pensamento que regeu os modernistas em 1916 quando pensaram o que fazer no centenário da Independência, em 1922. Hoje, o mesmo desafio abre-se para o bicentenário em 2022.
O projeto “Brasil 2022 – o País que queremos”, lançado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU) há três anos, é um projeto político-cultural que tem como cerne tecer uma grande engenharia do laço social e preparar o País para um salto em seu desenvolvimento sustentável (hardware e software). Duzentos anos de independência devem ensejar a valorização do papel da cultura como estratégia de desenvolvimento, impulsionando o País a uma sociedade do conhecimento.
Há cinco anos nasceu o Conselho Consultivo da CNTU que, paulatinamente, foi crescendo e hoje 920 lideranças o integram. Conhecido como o “Conselho das 1.000 cabeças”, é uma rede de inteligências, fazendo o papel de Legislativo da entidade, uma espécie também de Estado maior do projeto Brasil 2022. É considerado o maior conselho do movimento sindical brasileiro, rumo às 1.000 pessoas.
O maestro João Carlos Martins foi convidado para integrar esse conselho. Aceitou, tomou posse e vai ajudar a espalhar o rastilho musical nas 222 cidades onde se pretende realizar a Conferência Nacional do Brasil 2022. Vai ser convidado também a reger o grande concerto do bicentenário.O arquiteto Ruy Ohtake recentemente respondeu com entusiasmo ao convite da CNTU para a criação do símbolo do Brasil 2022. A Secretaria da Cultura do Município de São Paulo lançou o “SP Brasil 2022” à saída do secretário Juca Ferreira em direção ao Ministério da Cultura. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também adotou e anunciou a iniciativa. Nossa perspectiva é um amplo diálogo social das entidades representativas, escolas, universidades, empresas e poder público, estimulando um movimento diversificado e descentralizado em torno desse projeto político-cultural.
Uma das próximas etapas será a discussão da realização da Constituinte do Saber em 2017. Ela tem no seu cerne a realização da Conferência Nacional do Brasil 2022 para unir as forças da ciência, tecnologia, inovação ,cultura, educação, saúde e economia na sociedade, a partir do âmbito dos municípios, e estabelecer as prioridades de trabalho e das políticas públicas imprescindíveis até o bicentenário.
Não faz sentido colocar as peças do quebra-cabeça em linha reta.Precisamos daquelas que se encaixam, que se entrelaçam e se associam. Com a disciplina dos esportistas e a alma dos poetas, poderemos reinventar e montar este gigantesco quebra-cabeça.
Allen Habert – Ex-presidente do Seesp e diretor da FNE; atual diretor da CNTU e do sindicato paulista