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O investimento industrial total no Estado de São Paulo deverá ser reduzido em 20,9% na comparação entre 2008 e 2009, informa estudo encomendado pelo Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) à consultoria Ipsos.

Concluída em março, a "Pesquisa Fiesp sobre intenção de investimento em 2009: O impacto da crise", levantou as previsões de investimento da indústria paulista para máquinas e equipamentos e pesquisa e desenvolvimento (P&D). O estudo obteve informações de 1.204 empresas de diferentes portes e setores, que foram consultadas sobre os investimentos feitos no ano passado e a intenção de investir neste ano.

Com base em estimativas sobre o faturamento das empresas industriais, a pesquisa mostra que o investimento total feito no ano passado, de R$ 102,5 bilhões, cairá para R$ 81,1 bilhões em 2009. A redução, contudo, será menor nos investimentos feitos em inovação em gestão, produtos e processos e em P&D, quando comparada com a redução prevista no investimento em máquinas e equipamentos.

Os empresários ouvidos prevêem diminuição de 2,3% no investimento em inovação em relação a 2008; e de 5,8% em P&D. Já a redução do investimento em máquinas e equipamentos deverá chegar a 27,4%. Essa queda deve afetar as metas da política industrial do governo. Se confirmada, a queda no investimento da indústria em P&D fará de 2009 o ano de pior performance desde 2003, levando-se em conta o histórico da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (Pintec), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Do total de R$ 81,1 bilhões a ser investidos em 2009, R$ 17 bilhões devem ser aplicados em inovação e R$ 9,7 bilhões em P&D, contra R$ 17,4 bilhões em inovação e R$ 10,3 bilhões em P&D aplicados no ano passado. Em máquinas e equipamentos, as empresas aplicaram R$ 74,8 bilhões em 2008 e devem aportar R$ 54,3 bilhões neste ano, diz o relatório.

Por conta desse fator, apesar da queda em relação aos números absolutos, os investimentos em inovação e P&D ganham importância relativa na parcela de investimentos totais. Quando se observa a divisão dos investimentos totais e os percentuais que cada item representa, os R$ 17 bilhões em inovação representam 21% do total a ser investido em 2009 pela indústria. Em 2008, esse item equivalia a 17% do total.

Os R$ 9,7 bilhões em P&D previstos para este ano representam 12% das inversões a ser feitas no período. Os R$ 10,3 bilhões aplicados em P&D no ano passado corresponderam a 10% dos investimentos.

Para a pesquisa da Fiesp, a mudança estrutural dos investimentos ocorreu por dois motivos principais. Para explicar o menor impacto da crise nos investimentos em P&D e inovação, o relatório destaca a importância que a indústria tem dado ao desenvolvimento de novos produtos, novos processos de produção e melhorias de gestão diante da necessidade de produzir com mais eficiência para garantir melhores resultados.

Já a redução no investimento em máquinas e equipamentos é explicada pela maior sensibilidade ao desaquecimento econômico, pois este leva a uma redução na produção, o que eleva a ociosidade da indústria e não incentiva a ampliação de oferta.

Aumento do investimento público

O estudo da Fiesp projeta ainda uma ampliação da demanda por investimento público nas atividades privadas de P&D e inovação, "o que demonstra a importância da facilitação ao acesso às linhas específicas" para financiar essas atividades, diz o documento. Em 2008, 5% do investimento feito em inovação e 6% do feito em P&D foram recursos captados junto a instituições públicas de fomento, algo que deve quase dobrar em 2009.

Dos R$ 900 milhões de financiamento público em 2008 direcionados para as atividades de P&D&I das empresas, deve-se chegar a R$ 1,7 bilhão em 2009. Para este ano, o estudo da Fiesp prevê que 10% dos investimentos em inovação e 9% dos que serão feitos em P&D virão do setor público.

"Esta opção em momentos de crise é a mais prudente, sobretudo porque a crise atual é uma crise eminentemente de confiança no mercado de crédito", justifica a pesquisa. Ou seja, "o principal impacto da mudança da conjuntura econômica deve ser a redução de importância dos recursos próprios e privados em direção ao aumento da parcela dos recursos de origem pública", aponta a Fiesp em seu estudo.

Ainda assim, a maior parte do dinheiro investido nessas atividades no setor privado continuará vindo de recursos próprios das empresas. No ano passado, 82% do dinheiro investido em inovação e 83% do aplicado em P&D vieram do caixa das empresas. Para 2009, a projeção é de diminuição desses números: 78% para inovação e 81% para P&D. O mesmo ocorre com o dinheiro captado em instituições privadas, na forma de funding: em 2008, 13% dos recursos aplicados foram obtidos dessa forma para inovação e 11% para P&D. Para 2009, a projeção indica 12% para inovação e 10% para P&D.

(Janaína Simões, Inovação Unicamp, 13/4)

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