“Apesar dos melhores esforços do Brasil e de muitos países que trabalharam para unir o mundo em torno de um roteiro para acabar com nossa dependência de combustíveis fósseis, forças contrárias bloquearam o acordo.
Elas parecem ignorar que, ao contrário dos pavilhões da COP, não podemos evacuar o planeta Terra quando desastres acontecem”, comentam cientistas e entidades, dentre elas a SBPC, em posicionamento final sobre a COP30
Veja o posicionamento na íntegra:
POSICIONAMENTO FINAL DA COP30 – PAVILHÃO DA CIÊNCIA PLANETÁRIA
BELÉM, sábado, 22 de novembro.
A verdade é que não há como evitar um perigoso aumento da temperatura global sem acabarmos com a dependência de combustíveis fósseis até 2040, ou no mais tardar até 2045. Não cumprir isso empurrará o mundo para uma perigosa mudança climática dentro de 5 a 10 anos, causando extremos climáticos cada vez mais intensos que afetarão bilhões de pessoas. Sistemas essenciais para a capacidade da Terra de sustentar nossa sociedade, como a Floresta Amazônica, os Recifes de Corais, as Calotas de Gelo, as Correntes Oceânicas, podem atingir pontos de não retorno. No início da semana, dissemos que a COP tinha uma escolha — proteger as pessoas e a vida, ou os interesses da indústria de combustíveis fósseis. Apesar dos melhores esforços do Brasil e de muitos países que trabalharam para unir o mundo em torno de um roteiro para acabar com nossa dependência de combustíveis fósseis, forças contrárias bloquearam o acordo. Elas parecem ignorar que, ao contrário dos pavilhões da COP, não podemos evacuar o planeta Terra quando desastres acontecem.
Uma transição energética alinhada à ciência exige liderança, coragem e coerência. Devido ao fracasso, até agora, em implementar o Acordo de Paris, o ritmo necessário de mudança é extremamente elevado. Precisamos ver as emissões globais começarem a cair a partir de 2026 e passar de um cenário de aumento das emissões para um de reduções de 5% ao ano. Isso, junto com a proteção dos sumidouros de carbono na natureza e a ampliação das remoções de carbono (CDR), é necessário para minimizar o aumento de temperatura e retornar a um futuro climático administrável para a humanidade.
Como cientistas, sabemos que os seres humanos são capazes de realizar feitos extraordinários. Aqui em Belém, muitos países mostraram que estão prontos para se libertar do domínio e dos perigos dos combustíveis fósseis. Esses serão os vencedores do século XXI. Agora é hora de nos unirmos em um Mutirão dos que estão dispostos a liderar este caminho. A ciência está e continuará aqui para ajudar. Trabalhando com a Presidência brasileira, vamos propor a criação de um Painel Científico sobre a Transição Energética Justa e o Fim dos Combustíveis Fósseis, para subsidiar o Acelerador Global de Implementação.
Carlos Nobre – Painel Científico da Amazônia;
Fátima Denton – United Nations University;
Johan Rockström – Potsdam Institute for Climate Impact Research;
Marina Hirota – Instituto Serrapilheira;
Paulo Artaxo – Universidade de São Paulo;
Piers Forster – University of Leeds;
Thelma Krug – Presidente do Conselho Científico da COP30;
Academia Brasileira de Ciências (ABC);
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Jornal da Ciência

