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No fim de março de 2020, a Pesquisa Fapesp criou um espaço para retratar impactos da pandemia na comunidade acadêmica: a seção “Pesquisa na quarentena”. Os depoimentos narravam o que aconteceu quando as aulas foram suspensas e retomadas, como alguns projetos foram paralisados, outros impulsionados ou ainda mudaram de rumo. Em tom mais pessoal do que é costumeiro na revista, justificado pela gravidade do momento, professores e estudantes relataram angústias, sofrimentos e excesso de trabalho. Também falaram de aspectos positivos, como poder passar mais tempo com a família. Em sua quase totalidade, os depoimentos foram colhidos em conversas por plataforma de vídeo, sempre redigidos e editados pela equipe de jornalistas de Pesquisa Fapesp.

Eram pesquisadores de uma diversidade de áreas e instituições (ver infográfico), em etapas distintas da trajetória universitária – da graduação à aposentadoria como professores, mantendo atividades científicas – ou mesmo fora da academia, como pesquisadores que atuam em empresas, que falaram dos impactos profissionais e pessoais da nova situação.

Alguns passaram a trabalhar unicamente em casa e viram proliferar as reuniões e palestras por plataformas de vídeo, outros festejaram deixar as viagens de lado e houve quem praticamente se mudasse para o laboratório. Nas diferentes situações, as limitações impostas pela Covid-19 trouxeram dificuldades e aprendizados na produção de conhecimento na adversidade.

Ao longo dos meses, a série tornou-se um importante registro da resiliência que continuou a mover a sociedade e a atividade científica, e da mudança cultural que se operou. Nas semanas em que eram lançados, os depoimentos foram frequentemente o conteúdo mais lido no site de Pesquisa FAPESP e tiveram amplo alcance nas redes sociais.

 

O primeiro relato da série, publicado em 27/3/2020, foi do imunologista Jorge Kalil Filho, da Universidade de São Paulo (USP), que teve um dos filhos diagnosticado com Covid-19 naquele início de pandemia. Kalil mergulhou na pesquisa pelo desenvolvimento de vacinas. O texto chegou a 10.857 visualizações, o sétimo lugar entre os mais lidos em “Pesquisa na quarentena”.

 

No topo do ranking de visualizações, com 49.300, está o relato do entomólogo Juliano Morimoto, publicado em abril deste ano. O pesquisador passou a alicerçar seus estudos de comportamento e nutrição de insetos em ferramentas matemáticas para fazer frente às limitações de trabalho presencial.

Outros cinco depoimentos ultrapassaram as 10 mil visualizações. Em junho de 2020, a geneticista Maria Cátira Bortolini, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), contou como usou ferramentas que normalmente aplica ao estudo da evolução humana para investigar o potencial de propagação do vírus Sars-CoV-2. Ainda sobre a disseminação da doença, em abril daquele ano o epidemiologista Pedro Hallal, então reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), também no Rio Grande do Sul, sentiu a necessidade de voltar a atuar como pesquisador para enfrentar a pandemia.

Em abril de 2020, Fernando de Queiroz Cunha, coordenador do Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, falou da busca de um alvo terapêutico para tratar pacientes graves de Covid-19. Em janeiro de 2021, a historiadora Circe Bittencourt, professora visitante na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ressaltou a importância do papel do professor naquele momento em que o ensino médio e fundamental se dava apenas por meio de aulas remotas. E na experiência pessoal com a doença, o virologista Pedro Vasconcelos, do Instituto Evandro Chagas, em Belém, contou do medo de ser internado quando teve diagnóstico positivo para o Sars-CoV-2.

Como um todo, a centena de depoimentos é um retrato potente de como a comunidade científica encarou a adversidade e da mudança cultural que se operou nos últimos dois anos.

 

 

Este texto foi originalmente publicado por Pesquisa Fapesp de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.

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