Inova Sênior, lançado por ex-alunos da Poli/USP e do ITA, busca reconectar profissionais com mais de 60 anos ao mercado de trabalho.
A iniciativa destaca a importância do conhecimento acumulado por esses técnicos de alto nível, que não devem ser descartados.]
A sólida formação na engenharia, associada aos anos de experiência nomercado de trabalho, enfrentando desafios diversos, buscando e encontrandosoluções adequadas para as mais complexas situações, torna o profissionalveterano um quadro extremamente valioso. Esse fato evidente, embora nemsempre reconhecido, está no cerne do Inova Sênior, iniciativa de ex-alunos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP) e do InstitutoTecnológico de Aeronáutica (ITA).
O objetivo, informam os líderes do projeto que em agosto já contava com 200 participantes, é reintegrar engenheiros com mais de 60 anos ao mercado de trabalho, unindo tecnologia, inovação e experiência adquirida ao longo da vida.
A proposta é mais do que pertinente se levarmos em conta a projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 37% da população superando essa faixa etária em 2070.
Lançado oficialmente em 22 de agosto durante o Maturifest – evento sobre trabalho, empreendedorismo e longevidade 50+ –, o Inova Sênior tem um duplo propósito: combater o desperdício de conhecimento e o isolamento social de profissionais perfeitamente capazes.
Corretamente, o tema faz parte das ações do Seesp, filiado à FNE, que atua, por meio de sua área de Oportunidades na Engenharia, para orientar profissionais experientes a se manterem ou voltarem ao mercado, inclusive trilhando novos rumos em sua carreira, a partir de seu conhecimento.
Importante lembrar que promover a atualização para tornar acessíveis as novas e indispensáveis ferramentas tecnológicas disponíveis hoje é tarefa bem
mais simples do que formar um profissional apto a, desde já, assumir riscos e tarefas de grande responsabilidade.
Esse debate e os esforços muito bem-vindos nesse campo lançam luz sobre questões cruciais do nosso tempo, como o etarismo. Tal preconceito, por vezes, está institucionalizado, a exemplo de empresas que têm como política oficial não contratar pessoas mais velhas ou demiti-las automaticamente quando atingem determinada idade.
Injustas em si, tais regras são contraproducentes. Dispensar arbitrariamente a expertise existente sem estabelecer uma dinâmica virtuosa e respeitosa de transferência de saberes acumulados entre gerações pode gerar crises e perdas desnecessárias.
Obviamente, o que se defende não é que todos sejam condenados a trabalhar até o final da vida. Pelo contrário, todos os trabalhadores brasileiros – não só engenheiros – têm o direito constitucional e devem ter a chance de aproveitar uma aposentadoria digna após décadas de dedicação e esforço. A ideia é valorizar a experiência, especialmente na engenharia, e oferecer a oportunidade aos que ainda têm muito a contribuir e desejam fazê-lo.
Vale refletir sobre a questão e colaborar para saídas que beneficiem os profissionais, as empresas e a sociedade.
Murilo Pinheiro – Presidente