A taxa de sindicalização, que é a porcentagem dos trabalhadores associados aos sindicatos em relação ao número de ocupados ou empregados, vem caindo no Brasil desde 2017 e aceleradamente nos últimos anos.
Quando analisamos a série histórica do IBGE, que vem desde 2012 e merece ser estudada criteriosamente, constatamos um período inicial de estabilidade na taxa (em torno de 15%) que durou cinco anos (quase metade do período) e depois vem a queda continuada e acelerada, chegando aos 8,4% em 2023, anunciados agora.
São três os fatores principais que influem na taxa de sindicalização (cada um agindo sobre os outros): ideológicos, estruturais e políticos – acrescidos todos pela própria vontade de recrutamento das direções sindicais.
Há continuidade dos fatores ideológicos (neoliberalismo, individualismo, empreendedorismo, meritocracia) e estruturais (emprego e desemprego, rotatividade, informalidade, terceirização, etarismo, inovações tecnológicas e novas profissões), mas durante o período analisado são os fatores políticos que mais mudaram – mudaram para pior – o impeachment de Dilma, o governo Temer, a deforma trabalhista e o governo Bolsonaro (cujos efeitos prolongam-se por inércia até 2023). As condições políticas puxaram a taxa para baixo.
Atualmente a taxa de sindicalização será afetada pela mudança política com o governo favorável aos trabalhadores e sua queda poderá ser revertida para recuperarmos paulatinamente os índices daqueles anos de estabilidade que colocavam o Brasil em boa posição na listagem mundial.
Para tanto é necessário que as direções sindicais, aproveitando a conjuntura favorável, associem em cada uma de suas atividades (campanhas salariais, conquistas de PLRs, congressos e eventos, torneios esportivos, ocasiões de lazer) a preocupação pela sindicalização com a “subida” às bases.
É o que estão fazendo os bancários em sua campanha salarial nacional e os metalúrgicos de São Paulo e Mogi que manchetearam no seu último jornal “Sindicalize-se!” com exclamação enfática.
Uma campanha nacional pela sindicalização também pode ser implementada, com o ministério do Trabalho assumindo seu papel institucional para fortalecer aquele que é um dos pilares de sustentação da vida democrática – o sindicato.
João Guilherme Vargas Netto é analista político e consultor sindical da FNE