O descasamento momentâneo entre os avanços positivos da conjuntura econômica e social decorrentes das ações do governo e a queda da avaliação do governo, medida pelas pesquisas divulgadas, é um dado da realidade que preocupa e merece atenção do movimento sindical.
A dissonância, que tem muitas explicações, entre elas a enormidade dos problemas a serem enfrentados, o ritmo lento e inseguro do cumprimento das promessas em comparação com as expectativas, as fragilidades e defeitos da comunicação governamental, uma oposição bolsonarista intransigente, ativa, negacionista e as redes sociais com a inevitável dispersão de assuntos, confundem toda a sociedade e o movimento sindical dos trabalhadores, exigindo deste uma avaliação correta em que a solucionática predomine sobre a problemática e não o contrário.
Para que o movimento sindical, compreendendo o real alcance da disfunção, ajude aos trabalhadores, à sociedade e ao governo a enfrentá-la é preciso reforçar três tipos de procedimentos.
Em primeiro lugar a crítica à comunicação do governo, discursiva, politiqueira e polarizante, que não valoriza os fatos a partir de seus beneficiados reais, em particular o movimento sindical que não tem sido tratado como devia, pouco ouvido e menos considerado.
Em seguida a necessidade da permanente ação sindical de “subida às bases”, com destaque para os avanços possibilitados na conjuntura favorável: aumentos reais de salário, conquistas de PLRs, melhorias no emprego, inserção das mulheres nas estruturas de comando do movimento, sindicalizações e muito mais.
E finalmente um recomendável e necessário diálogo permanente com os trabalhadores e as trabalhadoras, resultante da visão correta e unitária das direções sindicais, sem exclusão ou sectarismo em sua abordagem.
João Guilherme Vargas Netto é analista político e consultor sindical da FNE