Em 20 de julho de 1873, na então cidade de Palmyra (Minas Gerais), há 150 anos, nascia o notável mineiro, inventor, aeronauta, esportista, autodidata Alberto Santos Dumont (1873-1932), um inventor por excelência, um inovador muito além de seu tempo.
Como a história conta, independentemente dos aeróstatos (aeronaves mais leves que o ar) ou dos aerodinos (aeronaves mais pesadas que o ar), Alberto Santos Dumont, acima de quaisquer “títulos” ou reconhecimentos, foi um incrível aeronauta e aquele que se transformou no primeiro ser humano a cumprir um circuito pré-estabelecido conduzindo um balão dirigível (um aeróstato) com motor a gasolina, na presença de testemunhas tais como especialistas, jornalistas e populares; feito que foi, também, reconhecido oficialmente pela importante FAI (“Fédération Aéronautique Internationale”).
Alberto Santos Dumont, com seu Dirigível Número 6 (o Santos-Dumont Número 6), aeronave projetada e construída pelo próprio aviador pioneiro Alberto Santos Dumont, se notabilizava conquistando o Prêmio “Deutsch de la Meurthe” ao contornar a Torre Eiffel em Paris, na França no dia 19 de outubro de 1901 a partir das 14h42min chegando 29 minutos e trinta segundos depois.
O Prêmio “Deutsch de la Meurthe”, ou simplesmente Prêmio “Deutsch”, foi um prêmio no valor de cem mil francos dado àquele que com uma máquina aérea conseguisse realizar uma viagem de ida e volta, sem tocar o solo, indo do Campo de Saint-Cloud até a Torre Eiffel em Paris e retornando em menos de trinta minutos. A distância estimada foi de mais ou menos 11 quilômetros exigindo (com pouco vento) uma velocidade média da aeronave de cerca de 23 quilômetros por hora para concluir aquele percurso no tempo máximo estipulado.
O Parque de Saint-Cloud, próxima à Cidade de Paris, é uma pequena região da França que se tornou um referencial histórico na aviação mundial dado ter sido importante área de trabalho para a criação de aeronaves práticas como as de Alberto Santos Dumont.
Entre o final do Século XIX e o início do Século XX, o Aeroclube da França mantinha em Saint-Cloud uma Aeroestação a qual funcionava como base de lançamento de balões dos sócios do Aeroclube tendo Alberto Santos Dumont como um dos fundadores e integrante do primeiro Comitê de Direção.
Objetivando a otimização de recursos e o ganho de tempo na produção de hidrogênio e do necessário enchimento dos balões, Alberto Santos Dumont propôs a construção daquele que seria o primeiro hangar de aeronaves do mundo o qual correspondia a um grande galpão em madeira localizado na Aeroestação de Saint-Cloud medindo 30 metros de comprimento, 11 metros de altura e 7 metros de largura na base. Inclusive as duas portas corrediças do hangar em referência foi uma grande novidade idealizada pelo aeronauta Alberto Santos Dumont.
Após ganhar o Prêmio “Deutsch” Alberto Santos Dumont, em gesto de elogiável, deu metade do seu prêmio para os membros de sua equipe que ajudaram a construir o dirigível (seus mecânicos e operários) e a outra metade doou para os pobres de Paris. Hoje cem mil francos correspondem a algo próximo de 550 (quinhentos e cinquenta) mil reais.
Aqueles que conheceram Alberto Santos Dumont eram unânimes em afirmar que o aviador brasileiro “era a própria generosidade, a elegância inata, a bondade e a retidão ... distribuía sem contar e sem prever, movido por uma virtude irresistível”. Notável, também, neste aspecto da caridade, Alberto Santos Dumont além de gravar eternamente na história seu legado como inventor deixou muitas contribuições como homem de bem.
Alberto Santos Dumont se distinguia, também, pela simplificação e pela perseguição às formas geométricas. Possuía paixão pelos instrumentos de precisão. Amava as tecnologias. Possuía verdadeiro horror a qualquer forma de complicação, evitava todo tipo de cerimônias, sendo que o simples o encantava. De costumes singelos sua presença, porém, era impossível não ser percebida. Gostava de ter por perto pequenas máquinas de precisão, embora não as utilizasse necessariamente; os mecanismos correspondentes serviam, em particular, para impulsionar sua criatividade e seus excelentes saltos de inventor.
O feito de Alberto Santos Dumont com o Dirigível Santos-Dumont Número 6 o tornou, inquestionavelmente, o inventor da primeira AERONAVE DIRIGÍVEL PRÁTICA não importando as considerações se “Alberto Santos Dumont é ou não o inventor do avião” ou se foi ele o responsável pelo “primeiro voo em um avião”. A vitória de 1901 de Alberto Santos Dumont o coloca como um dos maiores inventores da história da aviação (e da própria humanidade) dado que depois daquele incrível feito de 1901 tudo o mais foi apenas uma sequência de naturais construções com as necessárias consequências que bem se conhecem.
Sempre é importante ressaltar que foi graças a Alberto Santos Dumont que se teve a grande novidade que modificou para sempre os projetos e conquistas aeronáuticos. Alberto Santos Dumont foi o primeiro homem a voar em um dirigível com motor a petróleo ultrapassando de longe o simples desafio de vencer o ar com balões ocorrido a partir de 1852.
O próprio Alberto Santos Dumont afirmou certa vez “As primeiras lições que recebi de aeronáutica foram-me dadas por um grande visionário: Júlio Verne. De 1888, mais ou menos, a 1891, quando parti pela primeira vez para a Europa, li, com grande interesse, todos os livros desse grande vidente da locomoção aérea e submarina. Estava eu em Paris quando, na véspera de partir para o Brasil, fui, com meu pai, visitar uma exposição de máquinas no desaparecido Palácio da Indústria. Qual não foi o meu espanto quando vi, pela primeira vez, um motor a petróleo, da força de um cavalo, muito compacto, e leve, em comparação aos que eu conhecia, e... funcionando! ... Diante do motor a petróleo, tinha sentido a possibilidade de tornar reais as fantasias de Júlio Verne. Ao motor a petróleo devi, mais tarde, todo o meu êxito. Tive a felicidade de ser o primeiro a empregá-lo nos ares”.
Quando se lê que Alberto Santos Dumont ganhou o Prêmio “Deutsch” não se faz ideia de todo o conjunto de dificuldades pelo qual passou e sequer se imagina quantos foram os graves acidentes sofridos desde que iniciou sua dedicação à construção de dirigíveis. Na sua incansável caminhada rumo à vitória no campo da "navegação aérea" Alberto Santos Dumont sofreu graves acidentes e teve sua vida salva, em muitas das vezes, ora por sua habilidade ora, também, pela sorte.
Ousado por natureza, Alberto Santos Dumont testava, ele próprio, tudo aquilo que sua mente ordenava construir para o desenvolvimento da "navegação aérea". Dada vez Alberto Santos Dumont afirmou não haver “espaço nem para lamentações nem para espanto. O espírito está demasiadamente tenso, olhando para adiante. Só se sente medo enquanto alimenta-se ainda uma esperança”.
Notícias sobre os acidentes sofridos por Alberto Santos Dumont no uso de seus inventos no ar eram assuntos normais e garantidos nos jornais da época. Todavia, cada vez que Alberto Santos Dumont vencia um novo desafio que se impunha, aprendia com os erros cometidos que fazia questão de pontuar e se fortalecia ficando, também, cada vez mais conhecido e popular com as soluções determinadas.
Antes de vencer o Prêmio “Deutsch” de 1901 com o seu Dirigível Número 6 Alberto Santos Dumont construiu e testou o seu dirigível número 5 que lhe causou dois acidentes quase fatais os quais entraram para a história com ampla cobertura pela imprensa.
O primeiro destes acidentes acorreu logo no início do trajeto estabelecido quando o motor simplesmente parou de funcionar e a aeronave despencou dos céus indo de encontro às arvores localizadas nos jardins da residência de um famoso banqueiro e colecionador de Paris. A perícia, a sorte, e tudo o mais salvaram Alberto Santos Dumont da morte bem possível.
Mas, o segundo acidente com o Dirigível Número 5 ocorrido em 8 de agosto de 1901 foi bem mais grave. Já com certa altura do chão o balão perdeu gás fazendo com que as cordas de suspensão afrouxadas fossem cortadas pela hélice do motor desestabilizando totalmente a aeronave. Alberto Santos Dumont foi obrigado a desligar o motor o que fez com que, é claro, o aparelho caísse em direção ao solo. A aeronave bateu com força no telhado de um dos edifícios da "Societé des Hotels du Trocadero" ficando completamente despedaçada sendo impossível reaproveitá-la depois.
De acordo com relatos da época Alberto Santos Dumont (que ficou por mais de uma hora e meia pendurado no ar na lateral da parede) só não perdeu a vida naquele segundo acidente com o seu Dirigível Número 5 porque foi protegido pela quilha (reforço estrutural) do aparelho a qual foi construída com madeira resistente e mantida por cordas de piano que Alberto Santos Dumont sempre usava em vários de seus inventos.
Em entrevistas depois de resgatado Alberto Santos Dumont declarava “Salvei-me por verdadeiro milagre, pois fiquei dependurado por algumas cordas, que faziam parte do balão, em posição incômoda e perigosa, de que me vieram tirar os bombeiros de Paris".
Mas, apesar dos acidentes com Dirigível Número 5 o qual ganhou muita notoriedade sendo um dos dirigíveis mais fotografados da época, Alberto Santos Dumont não se abate com os acidentes e segue determinado construindo o seu Dirigível Número 6 repleto de novidades simples e práticas resultantes das observações dos problemas anteriores.
O Dirigível Número 6 de Alberto Santos Dumont é um divisor de águas na história da aviação porque a partir dele o homem passou a ter controle do tempo e do espaço dado que se conseguia, de fato, garantir ao ser humano a dirigibilidade de uma aeronave. O gênio Alberto Santos Dumont criou a primeira AERONAVE DIRIGÍVEL PRÁTICA.
O próprio Alberto Santos Dumont chegou afirmou: "Recordo-me com maior emoção das primeiras tentativas, daquelas que, consolidando as audaciosas esperanças de uns e outros, e as minhas, mostravam que era de fato possível conquistar cedo ou tarde o espaço aéreo".
Reconhecendo seu feito e entendendo o caminho que se abria a partir do Dirigível Número 6 Alberto Santos Dumont relatou: "Certamente, passei por uma nobre emoção no dia em que, com felicidade, tive êxito na viagem de St. Cloud à Torre Eiffel, ida e volta, pois era o primeiro grande experimento do balão automóvel, mas sabe-se que, cedo ou tarde, por mim ou por outros, ele seria concluído. Tive simplesmente a magnífica sorte de ser o primeiro."
Com inovações de toda sorte tais como a transformação do cesto do balão em uma quilha idealizada por Alberto Santos Dumont onde cabiam tanto o motor quanto o piloto, o tanque de combustível de petróleo e o depósito para o lastro, o Santos-Dumont Número 6 possuía motor mais potente para ser mais rápido a fim de cumprir o prazo estabelecido pelo prêmio.
Além do mais as hélices ficavam novamente na ré e o sistema de compensação do ar foi mudado para se evitar novos problemas. Alberto Santos Dumont construiu um balão interno de sessenta metros cúbicos que se mantinha inflado por um ventilador que permanecia girando o tempo todo de forma que o excesso de ar era expelido através de uma válvula que deixava escapar o ar do balão interno diminuindo a rigidez provocada pela dilatação do hidrogênio. Conforme o próprio Alberto Santos Dumont afirmou: “Só em último recurso, se houvesse necessidade, é que as válvulas de gás, as mais resistentes, deixariam fugir o precioso hidrogênio".
Mas, impressionante, também, foi o uso de procedimentos algo simples como a utilização de peças de bicicleta. Por exemplo, foi utilizado o selim como assento da aeronave e os pedais para fazer o motor funcionar. E continuou a usar as cordas de piano para substituir os cabos que outros insistiam em utilizar apesar de Alberto Santos Dumont já ter provado que eram muito mais resistentes.
Alberto Santos Dumont não parava de impressionar e em 1906, no dia 23 de outubro, no Campo de Bagatelle, em Paris, a história da aviação mundial registrava outro de seus feitos incríveis haja vista que naquele dia acontecia o voo do seu 14-Bis (ou “Oiseau de Proie II”, em francês para “Ave de Rapina II”).
Após várias tentativas a Ave de Rapina II de Alberto Santos Dumont enfim percorria incríveis 60 (sessenta) metros em pleno ar, em 7 (sete) segundos, a uma altura de aproximadamente dois metros do chão diante de uma plateia de mais de mil pessoas, cumprindo o dobro da distância pretendida. O notável Alberto Santos Dumont entrava uma vez mais para a história da aviação mundial tripulando um avião no espaço e se sustentado em pleno ar, sem o aproveitamento de quaisquer ventos contrários, sem o uso de rampas, catapultas, declives ou outros artifícios. O 14-Bis voava apenas com os próprios meios do aparelho e tamanha façanha, inolvidável e inédita, permite afirmar (sem medo de errar) que aquela aeronave realizou o primeiro voo controlado efetivo de um avião.
Para se ter uma ideia do incrível realizado há de se salientar que a comoção e o entusiasmo foram tantos ao ver um aparelho “tão pesado” sair do solo e alçar voo sozinho que os próprios juízes da competição (tomados pela surpresa), maravilhados, acabaram deixando de cronometrar o voo, falha está que impediu se fosse homologado aquele grande recorde.
Afirmou, entretanto, Alberto Santos Dumont: "Lutei, a princípio, com as maiores dificuldades para conseguir a completa obediência do aeroplano. Era o mesmo que arremessar uma flecha com a cauda para a frente. Em meu primeiro voo, após sessenta metros, perdi a direção e caí... Não mantive mais tempo no ar, não por culpa da máquina, mas exclusivamente minha”.
O gênio Alberto Santos Dumont rapidamente resolveu os problemas percebidos naquele voo do “Oiseau de Proie II” e em 12 de novembro de 1906, com modificações que possibilitaram dar a à aeronave a estabilidade necessária, agora provida de “ailerons” rudimentares para auxiliar na direção, a fantástica máquina de Albert Santos Dumont percorreu 220 metros em 21,5 segundos, estabelecendo o recorde mundial que permitiu a Alberto Santos Dumont conquistar o Prêmio “Archdeacon” e o Prêmio do Aeroclube da França daquele ano.
Há de se observar que embora naquela época o avião já tivesse sido inventado era ainda uma máquina muito precária e não se possuía o pleno controle da dirigibilidade da aeronave. A inserção entre as asas daquelas duas superfícies octogonais (ailerons rudimentares) que davam melhor controle da direção foi pioneirismo, também, do genial Alberto Santos Dumont.
O Prêmio “Archdeacon” é considerado o primeiro prêmio de aviação do mundo e teve seu início em 15 de setembro de 1904 quando se prometia ao vencedor uma taça e um valor mínimo de 2.000 francos. O vencedor do Prêmio “Archdeacon” seria aquele que pela primeira vez realizasse o percurso estabelecido controlando um aeroplano com comprimento superior a 25 metros e que mantivesse um ângulo de queda inferior a 25% ou 14 graus. Outra exigência para se ganhar o "Grand Prix Deutsch-Archdeacon" era ter conservado o recorde obtido sem interrupção durante dois anos, podendo-se bater o próprio recorde quantas vezes se conseguisse. Saliente-se que Alberto Santos Dumont foi primeiro aviador a ganhar o cobiçado Prêmio “Archdeacon”.
Naquele dia memorável de 12 de novembro de 1906, Alberto Santos Dumont realizou cinco voos públicos: um às 10h da manhã, voando 40 metros; outros dois às 10h25min, voando, respectivamente, por 40 e 60 metros; depois do almoço às 16h09min faz um quarto voo que cobriu 82,60 metros o qual quebrou seu próprio recorde de 23 de outubro de 1906; e derradeiramente, às 16h45min, faz o quinto voo e partindo contra o vento seu avião voou 220 metros a uma velocidade média de 37,4 km/h. Aqueles cinco voos foram, também, os primeiros voos de um avião registrados por uma companhia cinematográfica. A história se fez e foi devidamente registrada.
Sem auxílio de dispositivos externos de propulsão e sem a necessidade de uma rampa para lançamento ao ser impulsionado do chão ao céu com um motor a gasolina o 14-Bis alçou voo seguidas vezes constituindo “feito fantástico cujo grau de inovação fez transcender inúmeras possibilidades e, definitivamente, mudou os rumos do desenvolvimento da humanidade”.
Mais uma vez o incrível aeronauta brasileiro Alberto Santos Dumont contribuía de forma prática à realização do sonho da humanidade de voar efetivamente (e com controle).
Mas, a mente do inventor nunca se satisfazia e continuadamente Alberto Santos Dumont seguia criando estimulado pelos resultados fossem eles bons ou ruins. Assim sendo, em novembro de 1907, o incansável Alberto Santos Dumont colocava em voo o seu modelo “Demoiselle” (também conhecido como “Libellule”) um pequeno avião de apenas 56 kg e que (também inovador) foi considerado o primeiro ultraleve do mundo e o melhor avião construído pelo aviador brasileiro.
Desenvolvido até 1909, os modelos do "Demoiselle" (que em francês significa "Senhorita") além de serem os menores e mais baratos aviões de sua época faziam parte de um projeto de produção em larga escala haja vista que Alberto Santos Dumont pretendia popularizar a aviação. Para tanto, mais uma vez o desprendimento de Alberto Santos Dumont falou mais alto e ele disponibilizou para quem o desejasse os planos de construção daqueles pequenos aviões. Logo, diferentes oficinas tanto de países da Europa quanto dos Estados Unidos passaram a produzir o "Demoiselle".
Entretanto, embora o modelo "Demoiselle" pudesse atingir até 96 km/h e contasse com um ótimo motor de invenção do próprio Alberto Santos Dumont, em competições não conseguiu vencer o recorde atingido em 12 de novembro de 1906 pelo 14-Bis. Todavia, o "Demoiselle" (Modelo Número 20), de baixo custo de produção e com alta segurança, foi muito utilizado para treino de pilotos durante a Primeira Guerra Mundial (o que desgostou em demasia a Alberto Santos Dumont).
Na época do auge da divulgação dos feitos de Alberto Santos Dumont (e mesmo seguidas vezes com o passar dos anos) especialistas em aviação não se furtaram a apresentar elogios, congratulações e enorme reconhecimento ao aeronauta brasileiro. Tal foi, por exemplo, o parecer do primeiro piloto a realizar em 1909 a travessia em aeronave mais pesada que o ar do Canal da Mancha que afirmou: "Eu não fiz mais do que segui-lo e imitá-lo. Seu nome para os aviadores é uma bandeira. Você é o nosso líder”.
O entusiasmo em torno das realizações de Alberto Santos Dumont era total e em praticamente tudo aparecia referência ao fantástico inventor que conseguiu com um mais pesado que o ar sair sozinho do chão e alçar voo no espaço infinito. Alberto Santos Dumont figurava em produtos dos mais distintos tendo sempre seu inconfundível chapéu panamá e colarinho replicados. Os balões de Alberto Santos Dumont eram reproduzidos na forma de brinquedos. Bolos na forma de charutos eram produzidos pelas confeitarias para homenagear Alberto Santos Dumont. A mídia europeia e estadunidense não se cansava de reconhecer as incríveis conquistas de Alberto Santos Dumont que a todo momento vinham com mais e mais notícias sobre os feitos do aviador brasileiro.
Em 1913, o Aeroclube da França instalou uma grande estátua em bronze em Saint-Cloud representando o Ícaro da mitologia grega para prestar homenagem a Alberto Santos Dumont. Na base da estátua tem-se os dizeres “Ce monument a eté éleve par L’ Aero Club de France pour commemorer le experiénces de Santos-Dumont, pionnier de la locomotion aérienne” (Este monumento foi erigido pelo Aeroclube da França para comemorar as experiências de Santos-Dumont, pioneiro da locomoção aérea). A praça que envolve aquela estátua é denominada Praça Santos Dumont. Na localidade tem-se, também, a Escola Pública denominada “Lycée Santos Dumont”.
Do outro lado do Rio Sena, na Cidade de Paris, no Campo de Bagatelle (Parque de Bagatelle) há, também, um monumento em homenagem ao notável aeronauta Alberto Santos Dumont onde lê: “Ici le 12 novembre,1906, sous le contrôle de l’Aero-Club de France Santos-Dumont a établi les premiers records d’aviation du monde: duree 21s 1/5, distance 220 m” (Aqui, em 12 de novembro de 1906, sob o controle do Aeroclube da França, Santos-Dumont estabeleceu os primeiros recordes mundiais de aviação do mundo. Duração: 21s 1/5, Distância: 220 m).
Naquele mesmo monumento monolítico (composto apenas por uma única pedra) do Campo de Bagatelle tem-se afixada, também, uma placa de bronze dizendo: diz “A l’occasion du centenaire de Alberto Santos-Dumont, aeronaute bresilien pionier de l’aviation, hommage de la Force Arienne Bresilienne a L’Aero-Club de Fance 1873-1973” (Por ocasião do centenário de Alberto Santos Dumont, aeronauta brasileiro, pioneiro da aviação, homenagem da Força Aérea Brasileira no Aero-Club de France 1873-1973).
Inúmeras outras homenagens seguiram sendo ofertadas ao grande aeronauta brasileiro que se tonou universal. Dentre elas destacam-se, por exemplo, a mudança do nome da Cidade Natal de Alberto Santos Dumont - Palmyra (MG) - em 1932 para Santos Dumont; a denominação do Aeroporto Santos Dumont em 16 de outubro de 1936 para o primeiro Aeroporto do Rio de Janeiro; a definição, a partir de 1936, no Brasil, do dia 23 de outubro como o DIA DO AVIADOR em homenagem ao primeiro voo prático da história realizado pelo aeronauta Alberto Santos Dumont; a condecoração da FAB (Força Aérea Brasileira) em 1947 dada a Alberto Santos Dumont, em caráter permanente, como Tenente Brigadeiro do Ar; ou a criação da Medalha Mérito Santos Dumont para agraciar militares e personalidades civis que se distingam a partir de 5 de setembro de 1956.
Em 1956, a casa natal de Santos Dumont, em Cabangu (MG), foi transformada no Museu de Cabangu. Em 1959, foi concedido o posto honorífico de Marechal do Ar ao brilhante Alberto Santos Dumont, mantendo o seu nome na lista de oficiais aviadores do Almanaque do Ministério da Aeronáutica. Em 1973 a Academia da Força Aérea do Brasil inaugurou um busto de Albert Santos Dumont e, pelo mundo, afora diversas outras estátuas foram erguidas para homenagear o inovador inventor aviador brasileiro.
Em 1984, o Marechal do Ar Alberto Santos Dumont foi proclamado Patrono da Aeronáutica da República Federativa do Brasil.
Alberto Santos Dumont é o único inventor brasileiro e sul-americano a ter seu nome dado a uma cratera lunar (27,7°N 4,8°E) o que aconteceu em 1976 quando da homenagem feita a ele pela União Astronômica Internacional e, também, é o único brasileiro a ter uma Missão Espacial criada em sua homenagem dado que em 2006 a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Agência Espacial Federal Russa (Roscosmos) promoveram o lançamento da nave Soyuz TMA-8 exatamente para homenagear o centenário do voo de Alberto Santos Dumont no 14 Bis.
Em 26 de julho de 2006, Alberto Santos Dumont torna-se Herói Nacional ao ter seu nome incluído no Livro de Aço dos Heróis Nacionais, no Panteão da Pátria, em Brasília (DF).
O tempo passa, as gerações vão surgindo e crescendo, a inovação avança de forma exponencial e Alberto Santos Dumont segue inspirando a evolução da Aeronáutica em todo mundo uma vez que foi devido aos inventos originais e incríveis do grande Alberto Santos Dumont que o homem conseguiu voar com controle pela primeira vez. Cada avião que voa nos céus da Terra tem dependência eterna com alguma das invenções de Alberto Santos Dumont.
Para se celebrar o sesquicentenário de nascimento de Alberto Santos Dumont inúmeras homenagens serão necessariamente promovidas e realizadas. Não pode ser diferente, pois o mundo não estaria no patamar de desenvolvimento científico e tecnológico que está sem os feitos e a visão de Alberto Santos Dumont.
No Brasil e no mundo diversas homenagens estão sendo prestadas para relembrar o excelente Engenheiro da Aviação Prática Alberto Santos Dumont como, por exemplo, o lançamento pela FAB, no último dia 3 de julho de 2023, em cerimônia oficial, do selo personalizado e o carimbo alusivos aos 150 anos de seu nascimento. Naquela mesma data, o Comando da Aeronáutica inaugurou, também, a Galeria de Fotos em homenagem ao sesquicentenário do Patrono da Aeronáutica Brasileira, no Espaço Santos Dumont, na sede do Comando da FAB, em Brasília (DF).
Celebre-se neste 20 de julho de 2023, com a lembrança, o reconhecimento, a admiração e toda reverência, os 150 anos de aniversário de nascimento do notável aviador brasileiro Alberto Santos Dumont aquele que é um dos mais importantes inventores e inovadores de todos os tempos.
Conhecer e homenagear os grandes nomes de uma Nação e de um Povo é promover e garantir a Soberania Nacional. Salve! Salve! Salve! Hurras para o imortal brasileiro Alberto Santos Dumont, inventor por excelência e aeronauta fantástico, linha divisória no progresso da Aeronáutica. A história se divide em antes e depois dos feitos de Alberto Santos Dumont.
* Carlos Magno Corrêa Dias é professor, pesquisador, conselheiro consultivo do Conselho das Mil Cabeças da CNTU, conselheiro sênior do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) do Sistema Fiep, líder/fundador do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Tecnológico e Científico em Engenharia e na Indústria (GPDTCEI) do CNPq, líder/fundador do Grupo de Pesquisa em Lógica e Filosofia da Ciência (GPLFC) do CNPq, personalidade empreendedora do Estado do Paraná pela Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (Alep).