Embora com a ressalva desnecessária de que há decisões que cabem ao presidente Lula, o ministro Haddad disse em entrevista à FSP (08/04) que uma política para o salário mínimo “deveria entrar na ordem do dia no segundo semestre”.
Com esta declaração o ministro contrariou aquilo que já decisão do governo e vontade do presidente, de anunciar no 1º de maio o novo reajuste do salário mínimo, juntamente com a proposta de sua valorização como política permanente, a ser enviada ao Congresso Nacional.
Para tanto foi criado um grupo de trabalho interministerial com participação das direções sindicais para elaborar o novo projeto e quantificar o reajuste com prazos de funcionamento compatíveis com o cronograma previsto.
E ressalve-se que enquanto o ministro fala de uma política “para” o salário mínimo as manifestações presidenciais insistem, desde já, em uma política de valorização do salário mínimo, com regras que garantam aumentos reais e compensatórios.
O posicionamento do ministro preocupou a todos que estamos empenhados em garantir, em um 1º de maio comemorado unitariamente pelas centrais sindicais, aquilo que seria a grande marca trabalhista e popular do novo governo.
É preciso, pois, aumentar na preparação do 1º de maio o peso da reivindicação do novo mínimo e da nova política de sua valorização (pauta número 1 da CONCLAT 2022), combatendo a passividade e a alienação a este respeito, que são incompatíveis com as necessidades de milhões de trabalhadores e do governo e compatíveis com o cronograma ministerial, que “deixa estar para ver como é que fica” e é um tiro no pé.
João Guilherme Vargas Netto é analista político e consultor sindical da FNE