Imprimir

A catástrofe no Rio Grande do Sul evidencia a fundamental necessidade de trabalho de prevenção e conservação feito regularmente, com planejamento e por quadro técnico qualificado.

TragediaO volume de chuvas recorde que segue castigando grande parte do Estado do Rio Grande do Sul está causando tragédia humanitária sem precedentes, ainda não plenamentedimensionada. Diante disso, no momento, a prioridade continua a ser socorrer as vítimas,localizar os desaparecidos, acolher os desabrigados, assegurar atendimento médico,alimentação e apoio essencial a todos. Enfim, lançar mão de todos os recursos para fazer frente aos resultados desse desastre.

Porém, é também urgente que os gestores públicos, os legisladores e a sociedade em geral tomem consciência de quão cruciais são as medidas preventivas para, ao menos, minimizar os efeitos dos eventos naturais e de outras ocorrências danosas.

Pontes ou viadutos rompidos, vias alagadas, árvores derrubadas pela ventania, edificações abaladas, incêndios e toda a lista de mazelas diárias nas cidades brasileiras, na imensa maioria dos casos, poderiam ser evitadas se as medidas de precaução tecnicamente corretas fossem
tomadas.

No entanto, o que vemos é uma reincidência desses problemas, que causam transtornos imensos, prejuízos públicos e privados e, muitíssimo mais grave, colocam em risco a integridade física e a vida das pessoas. Após o acontecido, segue-se a dinâmica conhecida: chora-se sobre o leite derramado e se recorre a reparos emergenciais de custo elevado e nem sempre satisfatórios, pois precisam ser feitos a toque de caixa. 

É fato que, como vimos discutindo e inúmeros especialistas vêm demonstrando, a crise climática é inegável e é necessário adaptar as cidades de forma ampla para os seus efeitos.

Contudo, como a FNE e seus sindicatos filiados propõem, há tarefa simultânea a essa e maisbásica que precisa ser cumprida. Trata-se de dotar as administrações públicas de estruturas, com quadro técnico e orçamento próprios, com a função de garantir a manutenção
permanente das estruturas viárias, edificações em geral e, claro, de barragens, diques, muros de contenção etc.. Assim, os municípios, os estados e a União deveriam ter uma Secretaria de Engenharia de Manutenção.

A proposta integra o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” desde 2019 e  estará presente novamente na edição deste ano, cujo tema será “Cidades inteligentes –Garantir qualidade de vida à população”.

A ideia é abandonar o improviso e a procrastinação no que diz respeito à conservação, dando prioridade a ações preditivas, preventivas e corretivas antes que os colapsos se sucedam. O gestor público e a comunidade precisam aprender a valorizar o investimento e o trabalho em manutenção, mudança de postura que pode poupar recursos e evitar a destruição patrimonial, a devastação ambiental e salvar seres humanos.

Diante de tamanho flagelo ao qual estamos assistindo, em choque e com profunda tristeza, é crucial que repensemos nossas atitudes e corrijamos os erros. Toda a nossa solidariedade ao povo gaúcho.

Murilo Pinheiro/ Presidente