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Assim como há homens e mulheres notáveis, há engenheiros notáveis na história do Brasil, que marcaram época.

Foi assim no período das lutas pela independência, quando o engenheiro de Minas José Bonifácio (um dos descobridores do lítio) consagrou-se como o Patriarca.

Assim também aconteceu nas lutas abo­licionistas com os irmãos Rebouças, negros e engenheiros.

E na consolidação da República e começos da industrialização com os construtores de pequenas centrais hidrelétricas, de ferrovias e de manufaturas.

Depois da Revolução de 1930 avulta o nome de Roberto Simonsen, inspirador e organizador da presença de engenheiros nos grandes processos sociais e econômicos do desenvolvimento e impulsionador de sua rede de representação.

Com o governo de Juscelino e a construção de Brasília são inúmeros os engenheiros protagonistas, embora na epopeia da Novacap seus nomes tenham sido ofuscados pelo do arquiteto da cidade.

Mesmo durante a ditadura militar, sem democracia, a engenharia brasileira destacou-se com grandes obras como a usina de Itaipu e grandes construtores que garantiram a confirmação de nossa capacidade técnica e prestígio social.

Nesses períodos a engenharia foi sempre protagonista, com o fortalecimento crescente da Petrobras e as pesquisas do pré-sal e os sucessos da Embrapa, galardão dos engenheiros agrônomos brasileiros.

Embora na galeria de presidentes da República apenas compareça o engenheiro Itamar Franco, a presença desses profissionais na política sempre esteve em alta.

Hoje nosso povo encontra-se sob ataque cerrado do conservadorismo e do retrocesso e padece da falta de projeto de desenvolvimento.

A engenharia e os engenheiros perderam protagonismo e são, às vezes, arrolados nas denúncias de corrupção que excitam a mídia e confundem os cidadãos.

Neste quadro calamitoso em que a reivindicação de mais engenharia e mais desenvolvimento procura abrir caminho, aparece como necessidade premente a recuperação do protagonismo histórico dos engenheiros (e dos técnicos), com lideranças agregadoras capazes de dar voz ao coletivo ecoando o chamamento de Jeffrey Sachs.

É a ocasião para tal cometimento, com as empresas, os profissionais, as associações, as escolas, os sindicatos afirmando de maneira consequente sua unidade de propósitos, visando o bem comum, o desenvolvimento sustentável, a defesa da soberania nacional e o orgulho de ser engenheiro brasileiro.

A hora é agora!

João Guilherme Vargas Netto é analista político e consultor sindical da FNE