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A mídia grande nacional, principalmente em suas versões impressas, deve tomar juízo e produzir mais aquilo deveria ser sua excelência, a informação pertinente do fato relevante.

Metalúrgicos da Renault encerraram greve, nesta segunda-feira (23), após acordo entre categoria e empresa — Foto: Divulgação/Sindicato dos Metalúrgicos da Grande CuritibaComo não criticá-la quando desconheceu durante mais que duas semanas a greve que os metalúrgicos da Renault, do Paraná, sob a direção do sindicato mantiveram até a vitória na segunda-feira, dia 23.

Para o registro preciso, o único dos quatro grandes jornalões impressos, o Estadinho, reportou a paralisação no pé de uma matéria sobre as 485 demissões na Caoa Cherry, no dia 19. E só.

Para reparar a omissão seria necessário agora todo um detalhamento sobre a greve vitoriosa, sua duração, sua motivação, a unidade demonstrada pelos trabalhadores e a condução inteligente pelo sindicato, sempre buscando a negociação com a empresa, que dificultou ao máximo o desenrolar das tratativas desafiando a firmeza e a unidade dos trabalhadores e do sindicato.

O comando brasileiro da multinacional chegou a informar à direção francesa sobre a pretensa intransigência do sindicato, o que foi desmentido com uma articulação da IndustriaAll (organização internacional dos industriários) e do presidente da Força Sindical.

A maior demonstração da permanente busca de negociação pelo sindicato é a Carta Aberta dos Trabalhadores, de 7 de maio, um dia após o início da paralisação em que se listavam as reinvindicações e denúncias de violação do acordo de 2020 pela empresa.

Com a vitória os cinco mil trabalhadores confirmaram a participação nos lucros da empresa, data-base e vale-mercado, bem como estancaram a sangria das demissões.

Walter Barelli dizia, de forma jocosa, que greve não dá duas safras. Os metalúrgicos da Renault e o sindicato da Grande Curitiba quebraram essa escrita, protagonistas que foram de duas grandes greves vitoriosas, a primeira em 2020 contra as 747 demissões (21 dias) e a de agora (16 dias), desconhecida incompetentemente pela mídia grande. 

Foto: Metalúrgicos da Renault em greve — Foto: Divulgação/Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba

João Guilherme Vargas Netto é articulista político e consultor sindical da FNE