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Durante muitos anos os trabalhadores no 1º de Maio, junto com a comemoração da data, lutavam pela jornada de oito horas. Aqui no Brasil, o abono de Natal de 1945 somente virou a lei do 13º salário depois de quase duas décadas de exigências em congressos operários, de greves e de articulações políticas. E quem não ouviu falar das dez marchas em Brasília reivindicando a política de valorização do salário mínimo (conseguida e hoje abandonada)?

A persistência é uma das características da ação sindical. Identificada uma necessidade urgente e organizada a luta coletiva, a continuidade garante a vitória posterior, vencidas as dificuldades momentâneas.

Sempre foi assim e assim será, porque água mole em pedra dura tanto bate até que fura.

É o que acontece hoje com a luta pelo auxílio emergencial de 600 reais para todos os necessitados até o fim da pandemia.

Com a resistência dos fiscalistas e dos rentistas, com as incompreensões oportunistas no Congresso Nacional e de setores da oposição, com o silêncio obsequioso da mídia grande que não imprime nem mesmo a expressão MP 1.039 com medo de convocar o diabo, a luta pelos 600 reais (inserida na estratégia pela VIA) tornou-se ponto de honra da luta unitária sindical e tarefa dos dirigentes políticos sensíveis à necessidade do povo trabalhador, como o ex-presidente Lula.

A comemoração nacional, unitária e virtual do 1º de Maio foi um momento espetacular de afirmação desta reivindicação, cuja necessidade persiste apesar da alienação de muitos que não têm a pressa dos que têm fome. Para aqueles o amanhã e o depois de amanhã precedem o agora.

Mais que nunca se escreve em nossas bandeiras “a luta faz a lei”, porque a persistência é condição de vitória.

João Guilherme Vargas Netto é analista político e consultor sindical da FNE