A Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Academia Brasileira de Letras (ABL) enviaram carta ao ministro da Educação,  Milton Ribeiro, contra a proposta de transformar Museu Nacional em palácio turístico dedicado à monarquia. Uma nota de protesto também foi publicada pelo Fórum de Entidades em Defesa do Patrimônio Cultural Brasileiro. As entidades reagiram à surpreendente notícia publicada na Folha de São Paulo, em 27 de março, sobre um conjunto de medidas que alterariam dramaticamente a finalidade do projeto de reconstrução do Museu Nacional/UFRJ, transformando-o em um centro turístico dedicado à família imperial.

De acordo com a Folha, o governo Jair Bolsonaro está atuando para transformar o Museu Nacional — cujo prédio e parte do acervo foram parcialmente destruídos por um incêndio em setembro de 2018— num centro turístico dedicado à família imperial que governou o Brasil até a proclamação da República, em 1889.

A iniciativa é articulada por entusiastas da monarquia de dentro e de fora do governo. O principal defensor na Esplanada, segundo a Folha,  seria o agora ex-ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, expoente da ala ideológica do governo e próximo ao movimento monarquista. 

A carta conjunta da ABC e ABL destaca os incansáveis esforços do corpo social do Museu Nacional/UFRJ para a sua reconstrução, desde a tragédia de 2 de setembro de 2018. Foi criado o projeto MUSEU NACIONAL VIVE, que conta com uma estrutura de governança que inclui, além do poder público, a participação de distintos segmentos e instituições da sociedade, conduzindo em conjunto as frentes de atuação com total transparência. A própria Academia Brasileira de Ciências faz parte do Comitê Institucional que tem orientado as diferentes ações desse importante projeto.

Para as signatárias “Urge restaurar o Museu Nacional, o maior museu de história natural e antropologia do Brasil, que desde sua fundação tem contribuído para a promoção do progresso social e econômico do País através da difusão da educação, da cultura e da ciência”. Confira a nota.

A nota do Fórum de Entidades em Defesa do Patrimônio Cultural Brasileiro condena  “a intenção de transformar o edifício num centro turístico dedicado à família imperial, deslocando o acervo científico do museu para um anexo da propriedade," o que as organizações afirmam que "desvirtuaria o lugar de relevância proposto por D. João VI na sua criação” Confira a nota.