sociais

logos

Cresce Brasil

Diante dos constantes ataques da mídia hegemônica às lutas e aos direitos dos trabalhadores, o sindicalismo parece acordar para a urgência de fortalecer seus veículos próprios de comunicação com a base e a sociedade.

Diversas entidades, como a Federação dos Trabalhadores na Indústria do Paraná, realizaram recentemente seminários e palestras para discutir este desafio. Para os que desejam investir nesta frente estratégica, o livro “Imprensa sindical, comunicação que organiza”, do jornalista João Franzin, é uma obra indispensável. É quase um guia prático para os sindicatos.

Franzin é bastante conhecido nos meios sindicais. Formado em 1977, ele já trabalhou em jornais, rádio, televisão e assessoria de imprensa; desde 1985, ele presta serviços aos sindicatos, somando trabalhos em mais de 100 entidades. Militante engajado, fundou e coordena a Agência Sindical, uma empresa de comunicação e consultoria para o sindicalismo.

Ele também é apresentador do programa Câmera Aberta Sindical, na TV Aberta de São Paulo, uma iniciativa plural que reúne convidados de distintas concepções para abordarem temas de interesse dos trabalhadores.

*“Boa comunicação deve gerar ação”*

No livro, escrito em linguagem simples e direta, o autor dá várias dicas práticas para aperfeiçoar os diversos veículos dos sindicatos – como os boletins, jornais, livretos, revistas, rádio, televisão e internet. Cada um tem suas particularidades, o que “requer técnica, zelo e compromisso”. Não podem ser encarados de forma amadorística.

Franzin também dá “receitas” para a comunicação sindical, demonstrando que forma e conteúdo precisam caminhar juntos. “O texto sindical deve evitar adjetivos, o tom excessivamente discursivo, as abstrações. Melhor realçar fatos, dados, números e informações que possam gerar atitude. Afinal, boa comunicação deve gerar ação”.

Partindo da premissa de que os brasileiros lêem pouco, ele sugere textos curtos e diretos. “A vida do trabalhador é jogo duro: acorda cedo, utiliza transporte precário, trabalha muito, ganha pouco, volta para uma casa quase sempre sem conforto. Sua vida doméstica é rotineira. A social é muito restrita...

Que comunicação serve a essa pessoa? A comunicação objetiva, que leve informações práticas, que oriente, sem firulas, sem ironias”. Para ele, “a imprensa sindical ainda é prolixa. Parte dos jornais das entidades ficaria bem melhor se cortasse pelo menos 20% dos seus textos”.

*Mais de 10 milhões de exemplares*

Ele também propõe maior cuidado com a estética. “O material do sindicato deve, sempre, primar pela qualidade: do texto, da informação, da apresentação. A imprensa sindical tem compromisso com a dignidade humana, com a elevação cultural, a superação social e com o avanço político da sociedade”.

Ele ainda aponta que o dirigente sindical deve ser “jornalista e jornaleiro”, ajudando nos conteúdos e mantendo permanente contato com a base, e defende “o leitor como sujeito e parceiro da informação”. No final, ele propõe que o profissional contratado tenha compromissos com a classe e indica que o sindicato “é uma escola de comunicação e de política”.

Para Franzin, muitos sindicalistas ainda subestimam a força e o potencial desta comunicação. “A imprensa sindical brasileira publica mais de 10 milhões de exemplares por mês, basicamente de boletins e jornais, distribuídos no local de trabalho, entregues de mão em mão, no contato direto entre sindicalistas e trabalhadores da base”.

“Esses materiais divulgam os sindicatos, informam a categoria, convocam assembléias, enfim, difundem um ponto de vista sindical, que forma cultura e estabelece parâmetros... Ao divulgar direitos, combater abusos e ajudar na organização, ela melhora a vida do trabalhador do Brasil”. Seu livro ajuda a enfrentar esta crônica subestimação.

Artigo de Altamiro Borges, jornalista, editor da revista Debate Sindical e autor do livro "As encruzilhadas do sindicalismo" -Editora Anita Garibaldi, 2ª edição.

Adicionar comentário


logoMobile