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Fábio de Castro

Lançado no início de julho, o Programa Fapesp de Pesquisa em Bioenergia (Bioen) tem o objetivo de apoiar a pesquisa relacionada a biocombustíveis, com a colaboração de universidades e empresas, de modo a promover o avanço do conhecimento e aplicações baseadas especialmente em etanol de cana-de-açúcar.

Foram anunciadas quatro chamadas de propostas, com valor total de R$ 73 milhões. O programa financiará projetos de pesquisa com cinco abordagens: melhoramento de cultivares para produção de biomassa com foco em cana-de-açúcar; processo de fabricação de biocombustíveis; pesquisa sobre impactos socioeconômicos, ambientais e uso da terra; biorrefinarias e alcoolquímica; e aplicações do etanol para motores automotivos. As chamadas de propostas foram voltadas para os três primeiros temas.

A primeira chamada se refere a propostas de pesquisa para Projetos Temáticos no âmbito de convênio entre a Fapesp e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que tem como objeto implementar o Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex) no Estado de São Paulo.

A segunda chamada é voltada a propostas para Auxílio a Pesquisa e Programa Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes, modalidades de apoio da Fapesp. A terceira é para propostas de pesquisa sobre processos industriais para a fabricação de etanol de cana-de-açúcar, publicada no âmbito de convênio vigente entre a Fundação e a Dedini.

A quarta chamada, resultado de novo convênio com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), é para seleção de projetos de pesquisa científica e tecnológica cooperativos no campo das ciências agronômicas, das ciências da vida, exatas e engenharias e intercâmbio de pesquisadores e estudantes.

Segundo Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp, o conjunto de seleções públicas se articula com duas outras chamadas encerradas, resultantes de convênios com a Braskem e com a Oxiteno e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), lançadas respectivamente em fevereiro de 2008 e novembro de 2006.

“A idéia é estimular a interação entre todas essas iniciativas, de modo a mobilizar a comunidade de pesquisa em São Paulo a fim de enfrentar os principais desafios da bioenergia, como o aumento da produtividade, processos industriais, alcoolquímica, motores e impactos sociais, econômicos e ambientais”, disse Brito Cruz.

O diretor científico destacou que o Estado de São Paulo é o segundo maior produtor de etanol no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, e, para manter essa liderança, não pode parar de pesquisar.

“O programa se sustenta sobre uma sólida base de pesquisas desenvolvidas na área há quase dez anos. Essa posição de liderança científica, no entanto, não permanece por si só: é preciso continuar avançando. O Brasil não está acostumado a ser um dos melhores do mundo quando o assunto é ciência e tecnologia. Mas em bioenergia nós estamos na liderança e precisamos ter uma atitude diferenciada”, afirmou.

Para Celso Lafer, presidente da Fapesp, ao investir em pesquisa científica e tecnológica na área de bioenergia, o Bioen responde não apenas à necessidade de aprofundamento do conhecimento e da manutenção da presença competitiva do país no cenário internacional, mas também a interesses estratégicos do ponto de vista diplomático.

“O Brasil tem feito esforços no sentido de argumentar em defesa do etanol nacional, afirmando sua sustentabilidade ambiental e social. Só teremos condições de sustentar essa articulação diplomática se ela vier acompanhada de um conhecimento sólido, com publicações de abrangência internacional, legitimando nossa posição”, disse.

Alberto Goldman, vice-governador de São Paulo e secretário do Desenvolvimento, ressaltou que os desafios ligados à capacidade competitiva brasileira na área de bioenergia só poderão ser enfrentados com o aprofundamento do conhecimento.

“O Bioen consolida uma colaboração importante entre a comunidade científica, o governo federal, os governos estaduais e o setor privado. Hoje, o que menos falta para o setor público são recursos, mas falta capacidade de gestão. Esse esforço de convergência é importante para superar essa limitação. Sabemos que isso está sendo feito quando vemos Fapesp, Fapemig, CNPq e o setor privado trabalhando juntos”, disse.

Marco Antonio Zago, presidente do CNPq, destacou a importância, para a agenda nacional, dos temas para os quais são voltadas as chamadas. “Mais importante ainda é poder anunciar a cooperação entre as duas maiores agências de fomento à ciência do país. Não é uma tarefa trivial unir os esforços de duas instituições que têm seus procedimentos particulares. Mas foi um esforço que certamente será recompensado, garantindo projetos relevantes para o Brasil no campo da bioenergia”, afirmou.

Parcerias valiosas

A chamada de propostas do convênio Fapesp-MCT/CNPq-Pronex terá valor total de R$ 38 milhões, sendo R$ 19 milhões da Fapesp e R$ 19 milhões do CNPq. A chamada busca projetos de pesquisa acadêmica básica e aplicada em produção de biomassa (especialmente cana-de-açúcar), seu processamento para produção de biocombustíveis, e impactos sociais, econômicos e ambientais dos biocombustíveis.

Os recursos da Fapesp serão voltados para custeio dos projetos temáticos e bolsas de iniciação científica e pós-doutorado, enquanto o investimento federal financiará, além dos projetos, bolsas de mestrado e doutorado.

Um primeiro bloco de R$ 28 milhões será destinado a projetos enviados até 1º de setembro. Outros R$ 10 milhões irão para projetos com limite de envio em 10 de novembro.

A Fapesp investirá mais R$ 10 milhões em projetos que poderão ser submetidos como Auxílios a Pesquisa ou no âmbito do Programa Apoio a Jovens Pesquisadores.

José Luiz Olivério, presidente de Tecnologia e Desenvolvimento da Dedini, salientou a importância do convênio com a Fundação. “Nos últimos anos o Brasil melhorou incessantemente a eficiência da transformação de cana-de-açúcar em etanol com base no caldo. Mas o maior potencial não estava no caldo e sim em componentes como o bagaço. Temos perseguido isso e acreditamos que as chamadas vão trazer grandes avanços”, disse.

Na chamada do convênio Fapesp-Dedini serão oferecidos R$ 20 milhões para projetos cooperativos entre pesquisadores da empresa e de universidades ou instituições de pesquisa paulistas, nos moldes do Programa Pesquisa em Parceria para Inovação tecnológica (PITE).

Os projetos selecionados serão apoiados em instituições de ensino superior e pesquisa no Estado de São Paulo. Ao longo dos próximos cinco anos o convênio investirá R$ 100 milhões, divididos em partes iguais entre os parceiros.

Alberto Duque Portugal, secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado de Minas Gerais, afirmou que o governo mineiro está determinado a investir em ciência e tecnologia, especialmente na área de energia.

“Minas Gerais tem 10% da população brasileira, mas utiliza 14% da energia do país, por isso trata-se de uma questão crucial. Temos uma matriz energética diversificada, mas com forte presença da biomassa. Do orçamento de R$ 200 milhões da Fapemig, cerca de R$ 20 milhões foram investidos em bioenergia este ano. Acredito que o edital abre perspectivas interessantes, em uma cooperação inédita”, disse.

A chamada de propostas de pesquisa do convênio Fapesp-Fapemig oferece um total de R$ 5 milhões para projetos de pesquisa em colaboração entre pesquisadores de São Paulo e Minas Gerais em temas relacionados a etanol. São R$ 3 milhões para projetos enviados até 1º de setembro e mais R$ 2 milhões para projetos enviados até 10 de novembro.

Mais informações: http://www.fapesp.br

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