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A imensidade da planície amazônica se confunde com o próprio céu, já que o horizonte é aparentemente sem fim. “São de 300 a 400 bilhões de árvores. Cada uma delas pode ter até 10 mil diferentes espécies de insetos. Suas folhas carregam de 2 a 3 milhões de espécies de bactérias”, aponta o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Antônio Nobre.

INPE explica em vídeos relação entre  Amazônia e climaO jogo entre luz, água e vida, confuso de início, na verdade é uma intrincada interação que dá pé a todo o ecossistema e à atmosfera da região. “Uma expressão de diversidade absolutamente clara”, completa Jean Ometto, também do Inpe. Ambas as declarações aparecem no documentário Amazônia Climática. A produção, junto a outros três filmes curtos, busca compartilhar o conhecimento científico de projetos como Melhoria dos Métodos de Estimativa de Biomassa, com o intuito de fortalecer a cultura científica. As pessoas, ao entenderem a dimensão e o papel da Floresta Amazônica sobre o clima do planeta, têm um instrumento a mais para exercerem sua cidadania.

“O Brasil tem tesouros guardados, não só na Amazônia. O instituto expande seus trabalhos para outros biomas. Ano passado saíram as primeiras notícias de biomonitoramento do cerrado. Cada um deles tem suas particularidades. É imprescindível conhecer todos eles. O progresso do País e da população depende disso”, argumenta o diretor do Inpe, Ricardo Galvão, ao Jornal da USP no Ar. O Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) administra o Fundo Amazônia, responsável por fomentar pesquisas e conscientização a respeito da maior floresta tropical do mundo. O projeto apresentado no documentário é um dos beneficiários, como outras pesquisas da autarquia.

A Floresta Amazônica é a maior reserva de carbono do mundo. Enquanto todas as emissões de combustíveis fósseis da Terra representam nove gigatons do elemento, a Amazônia soma 470 gigatons. Logo, qualquer variação marginal no ecossistema tem repercussões globais, assinala o documentário. “A fim de realizar essa quantificação, se cruzam dados de satélites óticos e radares, com imageamento aéreo e pesquisas de campo, como a variação da dimensão dos troncos de árvores”, explica Galvão. Trata-se de um conhecimento inteiramente brasileiro, só que com impacto internacional. O pesquisador conta de um amigo holandês que só compreendeu a magnitude da floresta quando a visitou pela primeira vez. “É de um tamanho difícil de se assimilar, mesmo aos mais educados europeus”, diz.

O diretor critica os defensores da inexistência das mudanças climáticas. “É uma asneira. Nesse caso, não interessa se é na Amazônia, ou em outros lugares. Não é mais questão de país. A floresta tem uma grande influência nesse processo, pois funciona como um ar condicionado vertical, proporcionando diferenças de 4 a 5 graus, acima e abaixo de suas copas. Isso se dá não apenas pela absorção de carbono e água, como pela aceleração da evaporação”, explica. Assim sendo, é um elemento fundamental na dinâmica climática local e global.

São sete projetos do Inpe cuidando de questões propostas pelo Fundo Amazônia. Entre eles, mapeamento, cobertura detalhada da Amazônia Legal, focos de queimadas, mudanças climáticas e outros efeitos do desmatamento. “O instituto, além de estar em constante desenvolvimento de pesquisa, já entregou muitos dados à sociedade”, afirma Galvão. Colaboram também pesquisadores de fora, como o professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física (IF) da USP, referência internacional no estudo dos efeitos de aerossóis na atmosfera. “São pesquisas de impacto mundial, tanto que Thelma Krug, nossa vice-diretora, é uma das responsáveis pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas”, comenta. Para acessar as produções de mídia do órgão e acompanhar de perto seus trabalhos, acesse este site.

Jornal da USP

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