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A professora Sônia Guimarães fez uma denúncia sobre o preconceito que sofre dos alunos e colegas de trabalho no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos, São Paulo (SP), por ser negra.

Apesar de lecionar na instituição há 25 anos, a profissional disse que nem sempre é aceita, durante papo sobre os 130 anos da abolição da escravatura no “Conversa com Bial”, da TV Globo, na última semana.

“Eles me odeiam, [inclusive] meus colegas do mesmo nível que eu. Depois desse sacrifício de fazer um vestibular tão complicado, eles entram em uma sala de aula e sou eu que vou dar aula, que vou dar nota, que vou corrigir. Sou eu que digo ‘não, você está errado’. Você não pode corrigi-los, porque eles são as pessoas mais inteligentes do Brasil”, ironizou.

E completou: “Não tá escrito PhD aqui [na testa]. A minha autoridade precisa ser dita a cada dia, a cada minuto, a cada correção, a cada nota baixa [...] Mas eles têm de me engolir, porque sou professora de física experimental. Eles têm de me aceitar. Senão vão repetir de ano. E não pode repetir de ano no ITA, é proibido”.

Em nota ao site “G1”, a Associação dos Engenheiros do ITA expressou repúdio à intolerância relatada pela professora.

“Cabe registrar que o mérito e a excelência de seus alunos são qualidades muito caras ao ITA.

Lamentamos profundamente as referidas declarações. A Associação dos Engenheiros do ITA (AEITA) repudia qualquer forma de preconceito ou discriminação, seja por motivos raciais, religiosos, sociais, de gênero ou outros, bem como atitudes e comportamentos desrespeitosos no âmbito da Escola, sejam eles entre colegas ou entre estudantes e funcionários, estudantes e professores, funcionários e professores.

Entendemos que quaisquer denúncias nesse sentido, que sejam recebidas formalmente pelo ITA, devam ser apuradas na forma da lei.”

Catraca Livre