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Os graduandos das mais de 20 modalidades de engenharia, pelo art. 7º da Resolução nº 11/2002, do Conselho Nacional de Educação (CNE), precisam cumprir a carga mínima de 160 horas de estágio curricular. Cumprir a regra, contudo, pode não ser tarefa simples, tendo em vista a escassez de vagas e o excesso de exigências.

“Até experiência algumas empresas requisitam. A busca pelo estágio acaba se transformando num pesadelo”, critica Marcellie Dessimoni, coordenadora do Núcleo Jovem Engenheiro da FNE.
O testemunho de Pedro Vitor de Oliveira Carneiro, que integra o Núcleo Jovem do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Ceará (Senge-CE), confirma a teoria. Ele está no sétimo semestre de Engenharia Ambiental e Sanitária no Centro Universitário Farias Brito (FBUni). “São poucas vagas para muitos candidatos”, conta.
Segundo Dessimoni, por isso mesmo existe um esforço do Núcleo Jovem de atuar em diversas frentes para ajudar os estudantes a conseguirem uma colocação. Entre as iniciativas está a realização de cursos, seminários e debates a respeito das habilidades demandadas pelo atual mercado de trabalho.
O caminho, conforme o consultor de Programas de Estágio e Aprendizagem do Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee), Bruno Luiz Evangelista de Souza, está correto. A orientação aos estudantes é que “se qualifiquem cada vez mais, agregando, além de conhecimentos técnicos relacionados à área de estudos, o idioma de inglês, do nível intermediário ao avançado”. Outras habilidades também têm sido valorizadas pela área de recursos humanos (RH) das empresas: “Ter boa comunicação oral e escrita, facilidade para se relacionar em equipe, iniciativa, espírito colaborativo, flexibilidade e vontade de aprender”, relaciona.
A analista de treinamento do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), Jéssica Alves, também sugere uma preparação prévia para a participação em processos de seleção. “Desenvolver a comunicação e marketing
pessoal será um grande diferencial”, indica.
Tanto o Nube (www.nube.com.br/ead) quanto o Ciee (https://goo.gl/PbujsV) oferecem plataformas de educação a distância visando o preparo do candidato a estagiário.

Dias melhores
Apesar de todas as dificuldades a serem enfrentadas, já há contudo sinais de melhora nesse mercado, que também sofreu com a crise econômica desde 2015, conforme observa o consultor do Ciee. “Percebemos que em todo o estado de São Paulo o número de vagas segue crescendo. Com muito trabalho e mostrando às empresas o ótimo custo-benefício do estágio, conseguimos garantir o número de vagas e consequentemente o de contratados.”
O engenheiro sanitarista e ambiental Áquila Silva Levindo, do Senge Jovem Goiás, confirma a boa tendência. Segundo ele, há oportunidades de estágio para engenharia ambiental de forma regular e a área de civil, “que estava parada”, volta a oferecer vagas. “Já para a agronomia as ofertas são constantes”, observa.
Alves, do Nube, também vislumbra dias melhores. “A expectativa é de crescimento, principalmente entre agosto e setembro. É um período excelente para a busca de novas chances de colocação”, aconselha.

Remuneração
Para quem consegue vencer a corrida de obstáculos e encontrar um estágio, a recompensa pode valer a pena. O Nube divulgou, em 21 de maio último, levantamento sobre a remuneração oferecida a quem busca oportunidade para completar a formação. Segundo a Pesquisa Nacional de Bolsa-Auxílio 2017, o maior valor médio pago foi de R$ 2.076,24 a estudantes de agronomia, área que lidera esse ranking pelo quarto ano consecutivo.
Segundo Alves, a profissão, independentemente da modalidade, oferece ganhos melhores aos graduandos. “Nossa pesquisa revela que estágios de engenharia estão entre os mais bem pagos. Esse cenário se dá devido ao fato de vagas nesse segmento de atuação terem o foco estratégico em contratar estudantes e desenvolvê-los de acordo com as expectativas e metodologia de trabalho da organização.”
A pesquisa, que entrevistou mais de 25 mil estagiários de diversas áreas, traz um dado ruim: a desigualdade salarial existente no mercado de trabalho está presente desde o estágio, com a remuneração das mulheres, em média, equivalendo a cerca de 90% da que é recebida pelos homens. “É outro ponto importante da nossa ação com os jovens. Não dá para aceitar mais essa discriminação”, diz Dessimoni.

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