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É sabido nacionalmente que o Nordeste, especialmente o estado do Ceará, passa por uma das piores crises hídricas dos últimos séculos. A região convive ciclicamente com a escassez de água, que tem sido objeto de soluções emergenciais que vêm, ao longo do tempo, atendendo a população, mesmo que de forma precária. As alternativas nesse sentido têm sido carros-pipa, açudagem, perfuração de poços, dessalinizações e adutoras, dentre outras.

Profissionais multidisciplinares, especialmente engenheiros civis e agrônomos, são envolvidos para resolver o problema. Programas e projetos pensados são elaborados, discutidos e negociados. A nomenclatura ora se refere ao combate à seca, ora à convivência com ela, dentre os inúmeros programas formatados. Tudo se resume em falta d’água para vida e para a produção.

No Ceará especialmente, já se viu de tudo – ou quase tudo –, até chuva artificial! A seca continua. Em 2016, completaram-se cinco anos de déficit de chuvas e, conforme dados do governo do estado, em novembro os reservatórios estavam com sua capacidade totalmente comprometida, em torno de 8% no geral; o maior deles, o Castanhão, com apenas 6%. O colapso d’água na quinta maior cidade brasileira é tema obrigatório e quase constante em todos os meios midiáticos do estado. Entretanto, pergunta-se: quem está se sensibilizando com isso? Que medidas concretas estão sendo tomadas? O racionamento está em prática e é suficiente? Há medidas educativas de uso e reúso da água?

Como consequência dessa situação, a população, além de ficar sem água, perde sua principal fonte de renda e de proteína, pois toneladas de peixes morrem nos açudes. Onde pairava a pobreza, agora já se está à beira da indigência. O cenário só não é pior em função do tão questionado programa Bolsa Família, que em parte é destinado à compra de água.

Finalmente saiu do papel a obra que para muitos seria a salvação do Nordeste: a transposição do Rio São Francisco. No caso do Ceará, a obra foi vista como redenção. Mesmo com atrasos pelos mais diversos motivos, o Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco (Pisf) ainda é a esperança para se evitar o colapso  em boa parte dos municípios do estado, principalmente na capital, com seus 2,6 milhões de habitantes.

Mas a obra parou! As reservas hídricas, a ser mantido o atual nível de chuvas, só chegam até março. A solução passa por Brasília, e é preciso que os responsáveis percebam que não se pode esperar pela burocracia normal que prevê, com uma nova licitação, a retomada somente no final de 2017. Até lá muitas vidas serão comprometidas (pessoas, animais e plantas).

Nesse cenário, fica clara a importância da “Engenharia Unida”, movimento comprometido com o desenvolvimento nacional e regional e o bem-estar das pessoas. A iniciativa também coaduna-se com a visão da atual gestão do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Ceará (Senge-CE), que, ao assumir a entidade em abril de 2016, teve como uma de suas propostas a defesa da sociedade por meio do apoio a ações voltadas ao desenvolvimento sustentável. A solução para o Ceará passa pela engenharia e pela política. Vamos  atuar para que as medidas necessárias sejam postas em prática.

Maria Helena de Araújo é mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente e presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Ceará (Senge-CE)

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