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“Nossos passos e ações devem ir muito além das críticas, precisamos apresentar propostas sérias e factíveis com o objetivo de garantir o desenvolvimento do País. Por isso, aqui não falamos em recessão ou crise, mas em trabalho.” Dando o tom do 3º Encontro Nacional da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), o presidente da entidade, Murilo Celso de Campos Pinheiro – que também está à frente da FNE –, abriu os trabalhos no evento, realizado em 10 de dezembro, na sede do Seesp, em São Paulo. Nessa direção, a atividade debateu caminhos à superação das dificuldades por que passa o País.

No dia anterior, ocorreu o seminário “Trabalho, política e cultura – construindo diretrizes e propostas de ações”, por intermédio do Departamento Jovem Profissional da confederação, com apresentação pelo especialista em economia do trabalho e professor aposentado da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Waldir Quadros, de um mapeamento socioeconômico dos jovens profissionais das seis categorias que compõem a entidade, entre elas a dos engenheiros (leia).

“O direito à educação continuada” foi o tema inaugural do encontro, que contou com especialistas em várias áreas. Maria Rosa Ravelli Abreu, pesquisadora da Universidade de Brasília (UnB), apresentou um quadro histórico sobre o assunto em todo o mundo, que inclui lutas desde as décadas anteriores à Segunda Guerra Mundial (1939-1945) até os dias atuais. Segundo ela, a empregabilidade cada vez mais vai depender da requalificação da mão de obra. Para tanto, observou a importância da Convenção 140 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), de 1974, que define como direito a “licença remunerada de estudos”. O Brasil promulgou-a em 1994, todavia ainda não a implantou.

Como uma das iniciativas positivas no País, Abreu citou a Lei Estadual 8.029/1992, que instituiu o “Programa de Desenvolvimento Profissional e Reciclagem Tecnológica no âmbito da Educação Continuada”. Esse contempla engenheiros e demais profissionais da área tecnológica dos quadros da administração direta e indireta do estado de São Paulo e prevê um mínimo de seis dias úteis por ano para reciclagem tecnológica, sem qualquer prejuízo na remuneração. 

Para o diretor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) José Roberto Castilho Piqueira, sem uma boa e consistente base na graduação, não tem milagre ou educação continuada que dê jeito. E enfatizou: “Temos de valorizar a engenharia para evitar que o capital sem regulação cause desastres, como o de Mariana (MG).” No ensejo, o deputado paulista Carlos Neder (PT) informou que no Legislativo desse estado foi formada, recentemente, uma frente parlamentar que discutirá o fortalecimento da atuação das universidades públicas federais e estaduais de São Paulo. “Estou tão motivado que farei um pronunciamento na Assembleia a respeito da campanha da CNTU (Por um Sistema Nacional de Educação Continuada aos Profissionais Universitários)”, prometeu.

Desafios e saídas

No painel seguinte, o economista e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Ladislau Dowbor apresentou análise de sua autoria, intitulada “Resgatando o potencial financeiro do Brasil”, publicada pela Friedrich-Ebert-Stiffung. Falando sobre as dificuldades por que passa a nação e possibilidades, ele observou: “O País sofreu um processo distributivo a partir deste século e final do passado, porém nos últimos dez anos, o endividamento do cidadão mais que dobrou – em 2005, 19,3% da renda das famílias destinavam-se a pagar dívida, enquanto em março de 2015, eram 46,5%.” Dowbor concluiu: “Nosso problema é como usamos os recursos e distribuímos. É o que chamamos de governança.”

Na mesma direção, o tema central da 8ª Plenária do Conselho Consultivo da CNTU foi “Brasil 2022 – O País que queremos”, com contribuições ao projeto da confederação que leva esse nome, o qual visa um salto ao desenvolvimento nacional sustentável até o bicentenário da Independência. À abertura da Plenária, foram empossados 143 conselheiros. Agora, somam-se 920. A meta é chegar a mil. Diretor de articulação nacional da CNTU e coordenador do evento, Allen Habert afirmou: “O conselho é uma espécie de Parlamento da confederação. Reúne intelectuais que articulam, fazem diagnósticos e propõem soluções. Se soubermos colocar nossa força e nos empoderarmos, teremos condições de atravessar as dificuldades.”

Ao final dos debates, foi aprovada por aclamação a Carta do 3º Encontro Nacional.

Reconhecimento

Encerrando as atividades, o prêmio Personalidade Profissional, em sua quinta edição, foi entregue a Sérgio Eduardo Arbulu Mendonça (categoria Economia), Carlos Saboia Monte (Engenharia), José Miguel do Nascimento Júnior (Farmácia), Geraldo Ferreira Filho (Medicina), Patricia Constante Jaime (Nutrição), Rozângela Fernandes Camapum (Odontologia) e Gilberto Kassab (Excelência em gestão pública).

Indicado pela FNE, em seu discurso, Monte homenageou seus avós e pai como suas referências na profissão, carregando ao peito medalha de Honra ao Mérito por 40 anos de serviços outorgada em 1974 pela federação ao seu genitor, o engenheiro civil Nelson Rubens Monte.

Coordenador técnico do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, iniciativa da FNE, ele citou obras ali listadas como necessárias à melhoria da infraestrutura do País e concluiu: “O que descrevi representa um hino de confiança na nossa engenharia, que precisa, mais do que nunca, cerrar fileiras, permanecendo unida em defesa dos interesses nacionais.Termino externando meu voto de inabalável confiança de que nada impedirá o Brasil de retomar o seu grande destino de país generoso, habitado por um povo virtuoso e trabalhador.”

*Colaboraram Rosângela Ribeiro Gil e Deborah Moreira.

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