Em nota publicada no último dia 25, a direção da Petrobras informou que seu Conselho de Administração havia aprovado o Plano Estratégico para o quinquênio 2021-2025 (PE 2021-25).
Entretanto, a nota fornecia números incompletos deixando de informar os valores previstos para venda de ativos e principalmente para distribuição de dividendos aos acionistas.
Somente no dia 30 foi informado que o PE 2021-25 planeja pagamento de dividendos de US$ 35 bilhões praticamente mantendo o mesmo valor do plano anterior (PE 2020-24). Ocorre que, com a queda do preço do brent, a estimativa de Geração de Caixa caiu de US$ 168 bilhões (PE 2020-24) para US$ 125 bilhões (PE 2021-25).
Com isso, para manter o mesmo nível de distribuição de dividendos e fechar a conta do Quadro de Usos e Fontes, foi necessário reduzir os investimentos de US$ 76 bilhões (PE 2020-24) para US$ 50 bilhões (PE 2021-25) e aumentar a venda de ativos de US$ 30 bilhões (PE 2020-24) para US$ 35 bilhões (PE 2021-25). Ou seja, tudo pode ser mudado, menos o pagamento de dividendos.
Fica claro, portanto, que a venda de ativos e os investimentos da Petrobras não são determinados por critérios técnicos e de oportunidade de mercado mas é função do montante estabelecido para pagamento de dividendos.
Um absurdo para qualquer tipo de empresa e principalmente em se tratando de uma estatal.
Já havia previsto tudo isto em diversos artigos como “Na Petrobras as diretorias mudam mas a crença de que somos idiotas fica" e “Mesmo registrando prejuízo Petrobrás pagará dividendos”.
Para a atual administração da empresa, essa é uma ótima notícia, pois, como já demonstrei em artigo, indiretamente a venda de ativos gera bônus para a diretoria.
E, assim, segue a destruição da companhia puxada por contínuos crimes de lesa-pátria.
Mais recentemente, surge a figura do deputado federal Paulo Ganime (Novo-RJ), numa atitude de traição à pátria, propondo, através de projeto, o fim do direito de preferência da Petrobras no pré-sal.
Desse modo, volto à frase (ainda verdadeira) do General Horta Barbosa no Clube Militar em 1947:
“Pesquisa, lavra e refinação (de petróleo), constituem as partes de um todo, cuja posse assegura poder econômico e poder político. Petróleo é bem de uso coletivo, criador de riqueza. Não é admissível conferir a terceiros o exercício de uma atividade que se confunde com a própria soberania nacional. Só o Estado tem qualidades para explora-lo, em nome e nos interesses dos mais altos ideais de um Povo”.
E à carta testamento de Vargas:
“Quis criar a liberdade nacional na potencialização de nossas riquezas através da Petrobras, mal começa esta a funcionar a onda de agitação se avoluma” [...] ”Não querem que o trabalhador seja livre, não querem que o povo seja independente".
Cláudio da Costa Oliveira é economista da Petrobras aposentado.