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Cresce Brasil

No dia 19 de outubro comemorou-se no Brasil o Dia Nacional da Inovação o qual foi instituído pela Lei número 12.193, de 14 de janeiro de 2010, para incentivar a Inovação e promover o desenvolvimento sustentável, competitivo e próspero do nosso país.

Ford na Campus Party 2019Na data em referência dever-se-ia celebrar, entusiasticamente, o estabelecimento de uma economia competitiva forte, em expansão, próspera e sustentável; a agregação de qualidade na produção de bens, serviços e processos; o aumento significativo de patentes e marcas de inúmeros produtos; bem como, a melhoria e ampliação significativa dos postos de trabalho com mais e melhores empregos e com maiores salários.

Todavia, pouco se tem a festejar no Brasil no dia consagrado à Inovação haja vista que nossa Nação está muito longe de ser classificada como um país inovador. Ainda não entendemos que temos que nos apropriar fortemente da Inovação para fazermos parte da Quarta Revolução Industrial e contribuirmos para transformar, de forma disruptiva e sustentável, para melhor o mundo no qual vivemos.

Segundo o último resultado do Índice Global de Inovação (Global Innovation Index), publicado anualmente pela Universidade de Cornell em conjunto com a INSEAD (Instituto Europeu de Administração de Empresas - França) e a WIPO (World Intellectual Property Organization - Organização Mundial da Propriedade Intelectual), o Brasil é apenas o 66º. país mais inovador dentre 129 países classificados.

Dentre vários fatores que levam o Brasil a não ser inovador destacam-se, dentre outras, a significativa piora no conjunto de ferramentas disponíveis para o desenvolvimento da Inovação, os poucos investimentos públicos em PDI (Pesquisa-Desevolvimento-Inovação), bem com um injustificável e exagerado protecionismo verificado quanto ao crescimento da produtividade e da difusão das inovações geradas.

Paradoxalmente, entretanto, o mesmo Brasil se destaca como um dos maiores produtores mundiais de publicações de pesquisas (“papers”); tendo estes resultados em pesquisa sempre crescendo, surpreendentemente, constantemente, a cada ano que se passa.

A correspondente enorme produção científica do país tem chamado a atenção para investigações mais detidas tanto sobre a qualidade desta produção quanto sobre os necessários alcances atingidos. De imediato, então, observe-se que a correspondente produção é descontrolada e não tem foco determinado, além de ser pouco aplicada ou aplicável na solução de problemas do próprio Brasil ou de outras Nações, resultando, também, em baixíssimo impacto mundial.

Avalia-se no campo científico que uma enorme quantidade de tipos de pesquisas ou o elevado número de produção científica de várias naturezas não estabelece, necessariamente, qualidade daquilo que foi gerado. Assim, há muito já ficou evidenciado que o modelo de produção científica em massa adotado pelo Brasil não é eficiente e não apresenta, na maioria dos casos, qualidade.

Hoje a Universidade Brasileira é refém das chamadas “exigências acadêmicas” e muito da pesquisa desenvolvida no Brasil está baseado no princípio da indissociabilidade entre “Ensino, Pesquisa e Extensão” a qual, na maioria das vezes, condiciona (obriga) o Professor da Universidade a fazer “pesquisas” para ser promovido.

Pode-se dizer que é quase “insana” a correspondente busca por resultados que permitam publicar e publicar cada vez mais e mais seguidamente. Muito, então, da grande produção de “papers” no Brasil não é, em absoluto, fruto da Inovação. No atual modelo de produção mais vale a quantidade que a qualidade, infelizmente.

Mas, a produção científica em massa além de evidenciar baixa qualidade, limitando o desenvolvimento e o progresso, pode gerar, também, sérios problemas de natureza ética, moral, como o mundo, também, já vem experimentando e denunciando.

Há algum tempo, principalmente, nos países de língua inglesa, surgiu o termo “salami slicing” o qual, na tradução literal, pode ser entendido como “fatiamento de salame” e que identifica, de forma genérica, “a prática de reduzir uma ação ilícita em várias pequenas ações para, geralmente, driblar questões legais”.

O método “salami slicing” quando aplicado no meio acadêmico consiste em fragmentar a apresentação de resultados de uma mesma pesquisa em várias partes mínimas as quais, por sua vez, passam a ser apresentadas em publicações científicas diferentes como se fossem resultados inéditos de pesquisas independentes.

Desnecessário observar que o método do “salami slicing” em pesquisa gera total desqualificação dos resultados os quais não podem sequer ser considerados como “produção científica”; porquanto não conseguem gerar valor agregado, impede a produção de novas patentes e, naturalmente, não apresenta vantagem competitiva alguma.

A prática do “salami slicing” na meio acadêmico é gerador de muitos malefícios a todo sistema de PDI de uma Nação e à própria Nação. Identificando-se a prática do “salami slicing” é mais do que necessário denunciá-la para coibir o seu desenvolvimento.

Deve-se salientar, entretanto e de imediato, que não é sempre que a apresentação de resultados de uma mesma pesquisa em artigos científicos distintos pode ser classificada como “slami slicing” haja vista que existem pesquisas (e não são poucas) decorrentes de estudos de longa duração e com produção de grande quantidade de dados que exigem (incondicionalmente) a publicação dos correspondentes resultados em vários artigos associados.

Se no Brasil a Inovação é pouca, o número de patentes internacionais é pífio e há uma enorme produção de “papers”, então uma grande preocupação se evidencia.

Seja como for, a despeito dos múltiplos problemas e consequências envolvidos, é inegável que com pouca Inovação no Brasil tem-se baixa competitividade no cenário internacional e pouco empreendedorismo nacional.

A falta (efetiva) de Inovação na geração de serviços, processos ou produtos condiciona um país a se estagnar em seu subdesenvolvimento e inibe a prática da resiliência para identificar práticas ultrapassadas e mesmo eticamente questionáveis.

Por outro lado, a produção aumentada de resultados de pesquisas não associados à Inovação pode indicar, também, a falta de diversidade nas correspondentes pesquisas que se repetem sem orientação ou controle para atingir fins outros que não ao da Inovação.

Deve-se observar que pesquisas são realizadas para produzir, também, registros de patentes nacionais ou internacionais de produtos, serviços ou processos, bem como de registros de propriedade intelectual, propriedade industrial ou para gerar contratos de tecnologia, os quais bem podem demonstrar o grau de Inovação do país e o correspondente nível de desenvolvimento de uma Nação.

De forma, geral, pode-se considerar a Inovação como “a exploração com sucesso de novas ideias para a geração do aumento de faturamento, acesso a novos mercados, aumento das margens de lucro, ampliação da renda ou aumento do número de postos de trabalho dentre outros benefícios sejam para as empresas ou países”. 

Como é possível inovar em todas as áreas e locais, tanto se inova na geração de produtos, serviços ou processos, quanto se inova na geração de novos mercados, novos modelos de negócio, novos métodos organizacionais, novas tecnologias, novas formas de ensinar ou aprender, dentre outras, desde que exista agregação de valor. 

Em Inovação a geração de vantagens competitivas para os mercados se mostra imprescindível. A
Inovação é o “motor da competitividade” e deve estar na base de qualquer projeto estratégico para o desenvolvimento de uma Nação, pois os investimentos em Inovação chamam resultados no mercado (uma das exigências da própria Inovação).

O Brasil necessita rever seus posicionamentos para uma melhor adequação de questões relacionadas com a Inovação que mirem uma produção científica de qualidade, bem como a geração de patentes internacionais e a ampliação de sua competitividade internacional.

Os caminhos há muito tempo são conhecidos. É necessário segui-los para que a Inovação seja o diferencial que leve o Brasil a se posicionar como uma Nação rica e soberana.

Carlos Magno Corrêa Dias é conselheiro efetivo do Conselho das Mil Cabeças da CNTU, conselheiro sênior do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) do Sistema Fiep, líder/fundador do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Tecnológico e Científico em Engenharia e na Indústria (GPDTCEI), líder/fundador do Grupo de Pesquisa em Lógica e Filosofia da Ciência (GPLFC), coordenador do Núcleo de Instituições de Ensino Superior do CPCE do Sistema Fiep, personalidade empreendedora do Estado do Paraná.

 

 

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