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Um tsunami cívico nacional em defesa da Educação tomou conta das ruas do Brasil surpreendendo o presidente da República que havia profetizado também um tsunami, mas não o que aconteceu e cujos milhões de participantes foram por ele insultados como “idiotas úteis que não sabem quanto é 7 x 8, nem a fórmula da água”.

#15M pela educação em Salvador - Foto: Tatiana Scalco - Ciranda.netA greve da Educação do dia 15 de maio já é um marco na história recente do Brasil. Além da greve as manifestações que se espraiaram por mais de 200 cidades e todas as capitais alteraram a conjuntura política e deram um norte às oposições e aos parlamentares indicando-lhes a necessidade de se aproximarem da vida dos brasileiros. Foi o que tentou o deputado federal Orlando Silva (PC do B-SP) propondo a convocação do ministro da Educação para interrogatório na Câmara no mesmo dia da greve.

Determinada em fevereiro pelas confederações dos professores contra a deforma da Previdência a greve e as manifestações tomaram corpo e se ampliaram depois do anúncio de cortes pelo ministro da Educação e mantiveram a pauta quase única em defesa da Educação (embora o protesto contra a deforma previdenciária ainda fosse feito pelos professores e suas entidades).

O movimento sindical dos trabalhadores (além, é claro, da rede sindical dos professores, diretores e funcionários das escolas públicas e privadas) ajudou, e muito, na organização da jornada que mobilizou em massa o estudantado das escolas médias, dos institutos federais e das universidades.

O poder mobilizador do tema da Educação, também devido à brutalidade dos cortes e à estupidez do ministro, revelou-se mais forte que o próprio tema da Previdência que já havia se revelado mais forte que o tema da deforma trabalhista.

As direções sindicais devem extrair lições do grande sucesso da greve e das manifestações de 15 de maio, principalmente em relação à greve geral convocada.

Reconhecendo que a preparação do 14 de junho ainda precisa ser reforçada nos 30 dias que nos separam dele, o movimento sindical deve intensificar a coleta das assinaturas do abaixo-assinado contra a deforma previdenciária, ocasião em que as direções se aproximam de suas bases, as consultam e as mobilizam.

Não menos importante para a preparação da greve geral, as direções devem recorrer à tática das GPSs como forma escalonada e cumulativa de se chegar a ela.

A palavra de ordem contra o fim das aposentadorias ainda não produziu o efeito mobilizador que foi produzido pelos cortes na Educação, o que nos leva a intensificar a propaganda e a comunicação, bem como a articulação com os deputados e senadores.

Depois de uma vitória é o melhor momento de se preparar uma outra, desde que se compreenda bem o que garantiu a primeira e o que garantirá a segunda.

João Guilherme Vargas Netto é analista político e consultor sindical da FNE