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Por incrível que possa parecer foi Napoleão Bonaparte que disse a um dos seus confidentes civis que “tudo na guerra é opinião”.

E, se tudo na guerra é opinião, a estratégia é um ponto de vista, ou seja, uma maneira de impulsionar as coisas que já vêm se desenvolvendo com suas dinâmicas próprias para melhor consecução de um objetivo.

No movimento sindical brasileiro a grande estratégia tem como objetivo resistir à lei trabalhista celerada criando as condições institucionais futuras para sua revogação ou revisão (agora que a insegurança criada por ela tornou-se um escândalo nacional).

Para que se consiga isto é necessária a unidade de ação de todos os participantes do movimento sindical, desde a base até as cúpulas. Mas é preciso que esta unidade de ação produza atos de resistência (principalmente nas empresas, no embate direto contra a lei e na Justiça do Trabalho), a consolidação de uma plataforma mínima e a organicidade que dê forma ao movimento e demonstre sua relevância social. É preciso que as entidades sobrevivam.

Durante o processo eleitoral deste ano devemos apoiar candidatos que, eleitos, constituam um conjunto de forças aliadas do movimento sindical como aconteceu na Constituinte de 1988 cujos participantes haviam sido eleitos em novembro de 1986.
Quando registrei no último texto três acontecimentos importantes para os rumos do movimento sindical (as reuniões do Fórum Sindical, das centrais sindicais e do Brasil Metalúrgico) destaquei em todos eles uma dinâmica unitária a respeito da pauta (principalmente a resistência à lei trabalhista) e as preocupações organizacionais com projetos de plenárias e congressos nacionais.

Acredito que este ponto de vista – como o de um filme e não apenas o de uma fotografia – esclarece aquilo que deve ser feito estrategicamente neste ano eleitoral.

Sobreviver como entidade, ter como preocupação central a resistência à lei trabalhista, aprimorar as pautas naturais, convergir organicamente as dinâmicas criadas pelos três acontecimentos que narrei e ajudar a eleger aliados, eis o resumo.

Podemos começar desde já a defender a opinião de que o movimento sindical precisa de uma nova Conclat, porque guerra é guerra!

João Guilherme Vargas Netto é analista político e consultor sindical da FNE