Imprimir

A Indústria 4.0, a também denominada Quarta Revolução Industrial, promotora da Digitalização da Indústria, que vem se desenvolvendo de forma exponencial, tem exigido mudanças disruptivas e a quebra de paradigmas que até então pareciam absolutos.

Uma nova realidade está sendo construída a qual passa a demandar, mais fortemente, Inovação para promover a necessária simbiose entre as Ciências e as Tecnologias no sentido de instanciar soluções dos problemas do mundo real centrados na geração de conhecimento útil. 

No sentido em questão, dentre as várias possibilidades a considerar, são propostos, por exemplo, dois novos caminhos, os quais, intencionalmente, devem manter-se relacionados ou imbricados; quais sejam: a Engenharia Matemática e a Engenharia Lógica.

Ressalte-se, porém, de imediato, que a Engenharia Matemática aventada não faz estrita relação com a tradicional Matemática Aplicada. Na concepção pretendida, quando se refere à Engenharia Matemática, o vocábulo “matemática” passa a ser um atributo do substantivo “engenharia” preservando este último de forma rigorosa e categórica.

Engenharia Matemática aqui considerada não é aquela baseada em qualquer entendimento acadêmico estrito de modelação (ou mesmo de modelagem) matemática que se apropria de limitadas técnicas e métodos matemáticos isolados como forma de solução imaterial, descontextualizada e irreal. Engenharia Matemática é entendida como processo para gerar conhecimento útil (sustentado pela Engenharia Lógica); não se tratando, também, de uma simples aplicação da matemática na solução de problemas em muitas das vezes que só existem em condições ideais (ou cujas condições de contorno não são facilmente repetidas).


A concepção defendida de uma Engenharia Matemática está relacionada com as necessárias relações entre Inovação, Lógica, Modelação, Ergonomia e Usabilidade para a produção de máquinas, equipamentos, processos, ferramentas, serviços, produtos, procedimentos, tecnologias ou dispositivos em desenvolvimento que garantam o bem estar humano e o correspondente desempenho ergonômico eficiente e usabilidade eficaz dos sistemas envolvidos. Não há (na concepção em tese) a menor possibilidade de não geração de produto, processo ou serviço como resultados finais do engendrar em uma Engenharia Matemática os quais chamarão os necessários registros de patentes e a geração de royalties

A proposta de Engenharia Matemática considerada entende que os procedimentos relacionados ao engendrar devem associar, tanto na concepção quanto na produção, necessariamente, as características psicofisiológicas do prestador do serviço, do usuário do bem e da mercadoria produzida para garantir Inovação e atender as necessidades da Indústria 4.0, mas sempre condicionado ao bem estar humano; seja no âmbito da renovação ou da invenção (de forma tangível, material e lógica). Todavia, a Engenharia Matemática não se permite distanciamento algum com o conhecimento matemático, que subjacente, deve ser fortemente estabelecido em todos os seus níveis de abrangência.

A Engenharia Lógica, por sua vez, entendida como o conjunto de procedimentos e conhecimentos centrados nos fundamentos lógicos, analíticos e necessários da Lógica Formal, objetiva a formulação de critérios eficientes e eficazes para avaliação prévia da legitimidade e consistência dos sistemas envolvidos para possibilitar o engendrar, chamando, também, a necessária fusão das Tecnologias e Ciências quanto às aproximações cada vez mais acentuadas entre as esferas físicas e digitais que transformam o mundo atualmente em conformidade com a Quarta Revolução Industrial ou Indústria 4.0.

Um dos propósitos da Engenharia Lógica é o estabelecimento de uma Lógica Condicional entre as Ciências e as Tecnologias para, de forma conjuntiva, perspectivar novas extensões e evitar os erros já cometidos de se tratar as Ciências e as Tecnologias com distanciamento inaceitável o qual em muito delimitou desenvolvimentos e progressos anteriormente.

Os problemas gerados pela não aproximação entre o conhecimento desenvolvido no mundo das “possibilidades” próprio das Tecnologias e o mundo das “certezas” particular das Ciências, associados com o não estudo prévio da lógica dos procedimentos envolvidos, continuam gerando restrições no sentido de se obter uma maior ampliação de soluções e contribui, também, para o estabelecimento de limitações científicas e impedimentos tecnológicos.

A Engenharia Lógica, centrada na Álgebra da Lógica e nos Cálculos Lógicos, vem propor uma mudança de paradigma quanto à concepção dado que exige, como condição preliminar, o necessário estudo lógico (análise lógica) das condições iniciais dos problemas a resolver, não bastando apenas a apropriação do conhecimento para o engendrar como é próprio do mundo científico no qual as Engenharias são, em geral, desenvolvidas.

A Engenharia Matemática e a Engenharia Lógica promovendo a simbiose entre as Ciências e as Tecnologias por intermédio da força inferencial da Lógica e do formalismo da Matemática, em associação com a Inovação, cumprindo as exigências da Quarta Revolução Industrial, constituem maior força para engendrar soluções factíveis dos problemas do mundo real e contribuirão para a produção de conhecimento útil para se atingir o necessário desenvolvimento e a melhoria de vida das pessoas.

Carlos Magno Corrêa Dias é Professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Conselheiro do Conselho de Planejamento e Administração da UTFPR, Líder (Coordenador) do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Tecnológico e Científico em Engenharia e na Indústria (GPDTCEI) da UTFPR/CNPq, Líder (Coordenador) do Grupo de Pesquisa em Lógica e Filosofia da Ciência (GPLFC) da UTFPR/CNPq, Conselheiro do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), Coordenador do Núcleo de Instituições de Ensino Superior do CPCE da FIEP e Conselheiro Consultivo do Conselho das Mil Cabeças da CNTU.