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Há uma contradição insolúvel entre a falta de legitimidade da presidência de Temer e de seu governo e a pauta fundamentalista que muitos de seus apoiadores, vozes da grande mídia e o “mercado” querem que seja executada.

Em uma versão cínica ecoam as palavras de um dos mais influentes dignitários (presentemente defenestrado do ministério) que afirmou, sempre em off, que nenhum governo eleito poderia tentar fazer o que nosso governo precisa fazer.

Mas o exagero pode pagar seu preço como um roteiro para o fracasso.

A colunista Miriam Leitão afirma, com o título acima, que “se o governo de Michel Temer quiser fracassar é fácil. O roteiro é: tirar qualquer direito de acesso ao FGTS em pleno mar de desemprego, dar novos aumentos ao topo do funcionalismo público, mandar mensagens ambíguas sobre o ajuste fiscal, adiar a reforma da Previdência e acreditar que a aprovação do teto para as despesas resolve todos os problemas fiscais”.

De que erros fala a colunista? Dos cinco citados por ela, apenas um, o da restrição dos saques do FGTS contraria a pauta neoliberal. Os outros quatro, disciplinada e coerentemente, a reforçam. Portanto, 4x1 para um agravamento da contradição insolúvel que apontei no início deste artigo.

E olha que nem mencionei a manchete interna do jornal O Globo do mesmo dia (7/9) em que a colunista foi publicada, da matéria em que o Ministro do Trabalho diz que a proposta de reforma trabalhista vai prever jornada intermitente, com direitos proporcionais e o contrato de trabalho por hora.

Razão têm os metalúrgicos filiados a todas as centrais sindicais (reconhecidas ou não) que, por meio de seus representantes mais destacados, reafirmaram a pauta comum de resistência à quebra dos direitos e de exigência da retomada do desenvolvimento combatendo o desemprego e convocando para o dia 29 de setembro uma jornada nacional.

Razão têm também os bancários em greve na sua campanha salarial e os petroleiros que enfrentam, buscando a unidade, a direção da Petrobrás que os acossa e procura dividi-los.

Para enfrentar o fundamentalismo do “mercado” e as vozes frenéticas que o apoiam nada mais recomendável que a unidade de ação no movimento sindical e a efetivação das muitas lutas (no Congresso Nacional, nas ruas e nas empresas) que esta postura exige, mesmo que isso agrave a já insolúvel contradição. 

 

 

João Guilherme Vargas Netto é analista político e consultor sindical da FNE.

 

 

 

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